Iras!
A
coisa mais fácil do mundo é se deixar dominar pela carne. Para tanto, não se
precisa fazer nada. A carne é como a erva má, não precisa ser plantada, nasce
em qualquer lugar, não carece de cuidados, e toma conta de tudo. Em relação à
ira, penso ser importante delimitarmos o que é a ira, para depois saber como
lidar com ela (Efésios 4.26-32). A ira é um estado emocional caracterizado pelo
acúmulo de irritação tal que leva o indivíduo a um descontrole emocional sem
precedentes e isso pode leva-lo a ações comprometedoras.
O rei Salomão comparou o homem que se apressa em irar-se ao tolo (Eclesiastes 7.9). Sabe-se que tolo é aquele incapaz de agir corretamente, com bom senso, em consequência de sua simplicidade em demasia. Tal comparação não é boa porque fere o amor próprio. Mas não é só ao tolo que o homem iracundo é comparado. É também chamado de insensato, isto é, aquele que é falto de razão, demente, louco (Provérbios 27.3).
É
fato que todas as pessoas têm seus momentos de ira, mas essa situação não deve
perdurar por muito tempo, elas devem ser momentâneas, passageiras. (Efésios
4.26).
Quais
são as situações em que ela aparece? Normalmente ficamos irados quando:
a) Somos
flagrados no erro (tipo ser multado no trânsito, ou chegar atrasado e não poder
fazer uma prova);
b)
Estamos numa rede social e a internet
fica nula;
c)
Um filho ou subordinado nos desobedece;
d)
Não conseguimos ser aprovados num exame;
e)
Somos tratados com aspereza, estupidez
ou grosseria;
f)
Somos afrontados, injuriados,
injustiçados, humilhados;
g) Ocorrem
dezenas de outras situações que não nos é possível colocar agora.
Todas
essas situações despertam em nós um sentimento em maior ou menor grau. Isto é,
a ira é sempre uma reação diante de uma situação adversa, mais ou menos como
uma reação alérgica. Vão desde simples coceira até um choque anafilático.
A
ira nem sempre é pecado (Efésios 4.26). A ira de Deus, mesmo sua ira furiosa,
foi citada frequentemente no Velho Testamento. Jesus também se irou (Marcos 3.5).
Ser como Jesus significa desenvolver o tipo certo de ira antes que tentar
eliminar a ira.
A
raiz da ira precisa ser justa (Gênesis 4.6). O por quê é realmente vital.
A ira de Caim tinha uma raiz má, a inveja. O sacrifício de Abel foi aceito, o
dele não. Soa incomodamente familiar? Como é isto? Ele prosperou, eu não. Ou:
eles o ouvem, a mim não. Ou, ainda: ele foi convidado, eu não. Eles o
cumprimentam, mas me ignoram. Meus sentimentos estão feridos. Cuidado! A ira
que tem raiz egoísta ou mesquinha produz sempre frutos amargos. Tem-se que
corrigir o por quê da ira ou (Gênesis 4.7). A ira nunca pode ser justa
enquanto o por quê for errado.
Irar-se
não exige raiva. Há pouca necessidade de encorajar a ira! Antes, a sentença
adverte sobre os perigos inerentes à ira: em sua ira (Efésios 4.27). Contudo,
algumas situações realmente merecem a ira, uma ira justa. Moisés desceu do
Sinai e encontrou Israel envolvido com idolatria e festanças (Êxodo 32.19).
Deveria Moisés ficar indiferente? Não! Ira ardente foi a resposta adequada ao
insulto deles a Jeová. Deus não repreendeu Moisés. Atirar as tábuas de pedra
não foi correto; mas sua ira estava certa. Em outro caso, Potifar chegou em
casa e encontrou sua esposa chorando por causa de um assédio que José lhe havia
feito. Ela mostrou prova (Gênesis 39.19). Deveria Potifar ficar furioso,
encolerizado? Naturalmente que deveria! A acusação dela era uma mentira; a
evidência dela era errada. Contudo, a ira de Potifar era exatamente certa.
Ainda, se um companheiro ridiculariza e calunia um irmão em Cristo ou o
Evangelho? Você deveria irar-se? Ouso dizer que você estaria seriamente errado se
não ficasse irado.
A
expressão da ira precisa ser justa. Este é um momento fácil de errar. A emoção
da ira turba facilmente o julgamento: ignora facilmente a verdade, passa
facilmente sobre os limites do certo. Na ira de Caim, ele se recusou a ouvir
até mesmo a Deus. Ele assassinou seu irmão; ele mentiu a Deus, depois. Isso é a
ira furiosa. Não faça isso!
A
ira não deve esvaziar o domínio de si mesmo. Em circunstância nenhuma o domínio
próprio pode ser sacrificado (I Coríntios 6.12) nem mesmo a ira. Pode-se
ficar justamente irado; não se pode permitir-se ser louco! A ira é
frequentemente justa; a raiva nunca é. O perigo da ira é tão grande que
precisamos abordar toda ira com grande cuidado. Precisamos aprender (Tiago
1.19; Salmos 37.8; Eclesiastes 7.9), como Deus é (Salmo 103.8; 145.8). Assim,
evitamos muitos desastres terríveis.
A
ira é obra da carne. O apóstolo Paulo fez inúmeras recomendações às várias
igrejas, através de suas cartas. Demonstrando seu extraordinário zelo pela vida
espiritual dos crentes, advertiu-os a não praticarem as obras da carne porque
são contrárias e desagradáveis ao Espírito Santo. O crente precisa ater-se a
esses maravilhosos ensinos e ficar vigilante; evitando, assim, a prática de
tais obras. Essas atitudes são incompatíveis com a vida de santidade e domínio
próprio. O Espírito Santo é quem capacita o crente a fugir ou a controlar-se.
Mas é necessário que haja boa vontade da parte de cada um, a fim de que o
Espírito Santo encontre condições para atuar.
No texto básico da lição, estão algumas sugestões dadas, pelo próprio apóstolo, para o crente banir o nervosismo que provoca a ira:
No texto básico da lição, estão algumas sugestões dadas, pelo próprio apóstolo, para o crente banir o nervosismo que provoca a ira:
a) Não
dormir irado; antes do anoitecer reconciliar-se e perdoar os ofensores;
b)
Não cultivar a ira para que ela não
cresça e chegue a atitudes extremas;
c)
Não usar palavras ofensivas ou
agressivas que suscitem a ira de alguém;
d)
Usar palavras que edifiquem até mesmo em
situações de discórdias;
e)
Não entristecer o Espírito Santo,
perdendo o controle da situação;
f)
Evitar qualquer espécie de atitudes que
despertem a ira.
Consequências
da ira humana!
Como todos os demais pecados, a ira traz
consequências. Porque ela desenvolve outras tantas situações prejudiciais ao
próximo. A ira tem ligações negativas. Ela pode desencadear situações
desastrosas que finalizam com a prática do mal:
Sendo
emoção, não temos controle sobre o seu surgimento. Mas podemos controlar sua expansão.
Um exemplo: estamos no trânsito, uma motorista comete uma infração, uma
barbeiragem, e nos causa um susto. Surge a raiva. Podemos deixar que ela tome
conta de nós, e xingarmos o motorista e a mãe dele, ou podemos nos controlar,
agradecer pelo ocorrido e pedir a misericórdia e a benção de Deus sobre ele.
E
assim, no dia-a-dia, temos dezenas de desapontamentos, injustiça e frustrações
capazes de liberar a raiva, e que causam em nós desde um simples aborrecimento
até um ódio mortal. O escritor Tim La Haye informa que a raiva é um dos
estágios ou etapas iniciais da depressão.
Quando
a raiva surge em nós, diante das situações em que nós nos encontramos, podemos
nos deixar dominar por ela, ou podemos dominá-la e deixarmo-nos ser dominados
pela paz de Deus. Um detalhe: é possível não explodirmos no momento, mas
guardar a raiva, como se segurássemos uma válvula de panela de pressão.
Hipótese em que as consequências são muito mais graves e desastrosas.
Imagine
a raiva como se fosse o veneno de um animal peçonhento. Um animal que muda de
acordo com a situação, podendo ser desde uma abelha, uma vespa, até uma cobra
cascavel, passando por escorpiões e aranhas.
As
situações adversas fazem com que o veneno nos seja inoculado. A afronta, a
frustração, é a picada destes animais. Podemos reagir no momento, gritando,
xingando, matando, destruindo, ou podemos guardar o veneno dentro da gente,
fazendo com que nossos órgãos internos apodreçam com o passar do tempo, ou
podemos agradecer a Deus por todas as coisas, boas ou más, e permitir que o
Espirito de Deus nos encha com a sua paz.
Irado, como você
se comporta? Tem um excesso de cólera? Esbraveja e grita? Bate o pé e dá pontapé?
Atira coisas? A ira pode ser ocasionalmente certa, mas um comportamento assim
desenfreado nunca está certo. É absolutamente errado: pecado!
Irado, o que
você diz? Você xinga, explode em palavrões. Você cospe invectivas insultuosas,
odiosas, baixas? Este é frequentemente o vocabulário da ira (Provérbios 29.22).
Você acusa falsamente aqueles que o enfurecem? Você diz às pessoas palavras
insolentes e feias? (Mateus 5.22). Você espalha boatos, faz mexericos?
(Provérbios 21.24) A ira pode ser justa, mas todas estas palavras maldosas
certamente não são. É errado, é pecado!
Irado, o que
você faz? Caim irou-se contra Abel e matou-o. Na sua ira, você também faz mal
às pessoas? Faz coisas prejudiciais? (Provérbios 27.3).Você instiga uma briga, uma
tática favorita da ira? (Provérbios 14.17). A ira é permitida, a conduta
maldosa não é. É errada, é pecado.
Irado, você
acusa Deus? A ira frequentemente critica Deus. A ira culpa Deus mesmo quando o incidente
não foi um feito de Deus. Jó sabia mais do que isso (Jó 1.22). Na ira,
atrevidamente julgamos se Deus fez a coisa certa. Até mesmo Davi foi apanhado
nessa armadilha (II Samuel 6.8). A ira pode ser justa, mas julgar Deus
certamente não é da nossa conta! De fato, é arrogantemente errado: pecado!
A duração da ira
pode ser justa. "Não deixeis o sol se pôr sobre vossa ira." Breve
é a única duração do tempo para a ira, até mesmo a ira justa. Uma longa
permanência da ira mostrará o ácido corroendo a vasilha que o contém. Aprenda
com Deus (Miquéias 7.18). Deixe-a passar!
Em
qualquer caso é importante reconhecermos que podemos controlar a raiva, se e
quando formos controlados pelo Espirito de Deus, e se o Espirito de Deus não
habitar em nós, estamos à mercê das obras da carne.
Argumentos
acerca da ira de Deus
Alguém poderá questionar que, sendo a ira um estado
condenado por Deus, como então o próprio Deus pode se irar? Entendamos porem,
que a ira de Deus é completamente diferente da ira do homem em sua natureza.
A ira de Deus é entendida pela Sua indignação ao pecado (Romanos 1.18; 2.8). A ira de Deus é suavizada por Sua misericórdia e Seu amor para levar o homem ao arrependimento (Romanos 2.4; 5.9). No entanto, se este se torna um reincidente e rebelde ou rejeita o evangelho, certamente sofrerá a consequência do seu pecado (Hebreus 3.18-19; Romanos 2.5; I Tessalonicenses 2.16).
A ira de Deus é entendida pela Sua indignação ao pecado (Romanos 1.18; 2.8). A ira de Deus é suavizada por Sua misericórdia e Seu amor para levar o homem ao arrependimento (Romanos 2.4; 5.9). No entanto, se este se torna um reincidente e rebelde ou rejeita o evangelho, certamente sofrerá a consequência do seu pecado (Hebreus 3.18-19; Romanos 2.5; I Tessalonicenses 2.16).
Logo, não se trata de ira, mas sim de justiça a
condenação daqueles que negarem a oportunidade de salvação concedida por Deus.
Como a ira de
Deus se manifesta?
A ira de Deus é reconhecida como indignação,
irritação contra toda desobediência e iniquidade humana, atitudes que são
extremamente aborrecidas e condenadas por Deus. A ira de Deus é levada a efeito
tendo em vista duas finalidades:
a) Manter a ordem legal da criação;
b) Retribuir aqueles que impiamente transgridam os
Seus preceitos.
Deus não pratica juízo sem nenhum propósito ou porque quer ver o sofrimento do homem. Deus é justo, e Sua justiça nunca deve ser questionada (Romanos 9.18,20-22). Os atos de Deus são justos e sábios, manifestos quando a ira de Deus é provocada pelas atitudes humanas contrárias à Sua vontade.
Características da ira de Deus
A ira de Deus tem algumas características:
a) Manifesta-se também por meio de julgamento e
aflições (Salmos 78.43-51);
b) Ninguém pode resisti-la (Salmos 76.7);
c) Está reservada para o fim dos tempos, para o
julgamento final (Mateus 5.41; Apocalipse 6.17).
Deus é longânimo e tardio em irar-se (Salmos 103.8;
Números 14.18). Mas Ele tem um tempo determinado para exercer as Suas
misericórdias. No entanto, aqueles que abusam da bondade divina, sofrerão o
castigo eterno.
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