Obras da carne - Coisas
semelhantes a estas!
O
pecado exerce uma força encantadora sobre a natureza humana. “…e vocês serão
como Deus, conhecedores do bem e do mal”. (Gênesis 3.5). Há muito tempo, a proposta
de falsa independência humana nos foi apresentada.
O
pecado nos aprisiona, mas Cristo veio para nos libertar! Somos inclinados ao
mal, somos levados a realizar o mal que não queremos (Romanos 7.18-20). A
Bíblia chama a nossa natureza pecaminosa de Carne. Entretanto, em momento
algum, a Bíblia enfatiza que o nosso corpo é mal. Pelo contrário, o corpo
humano é criação de Deus.
A Carne,
é a natureza humana dominada pelo pecado e alienada de Deus! Com isso, o ser
humano se opõe a Deus e se emaranha no pecado, à medida em que se entrega às
obras (desejos) da Carne. Isso torna-se um verdadeiro ciclo vicioso: sou
pecador e peco.
Para
Paulo, a Carne, essa inclinação para o mal e alienação de Deus, não se
manifesta apenas na sensualidade, mas, pelo contrário, numa rebeldia religiosa
na forma de justiça própria, ou seja, a confiança em si mesmo, como tendo a
capacidade de procurar a vida através das forças e realizações próprias
(Romanos 7.5). Em outras palavras, a Carne é a grave tendência que o
ser humano possui de querer ser independente de Deus, sendo “dono de seu
próprio nariz”, tomando decisões com base em seu entendimento.
Em
Gálatas 5.16-17, Paulo explica aos cristãos gálatas que há uma tensão, um
conflito interno. A Carne daqueles que entregaram suas vidas a Cristo
não está completamente transformada sob a influência do Espírito – isso se dará
na ressurreição – mas, enquanto aguarda essa reviravolta total, o ser humano
continua ainda dividido.
No
corpo parcialmente renovado, a Carne continua sendo uma força que
leva ao pecado. O Espírito que é uma Pessoa e também possui uma força, age em
nossas vidas para levar-nos a realizar o bem, mas não de modo irresistível.
Duas forças continuam opondo-se: “Pois a Carne deseja o que é
contrário ao Espírito; e o Espírito o que é contrário à Carne. Eles estão
em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.”
(Gálatas 5.17).
De
acordo com o apóstolo Paulo, em Gálatas 5.19-21, as obras
da Carne são manifestas, ou seja, são realizadas, são feitas, são
visíveis; em contraposição ao fruto do Espírito que simplesmente nasce.
Em
toda a Bíblia, a partir de Gênesis 3.15, percebemos uma tensão existente entre
os que pertencem a Deus e os que estão dominados pelo pecado. Durante toda a
narrativa do livro do Gênesis, observamos que aqueles que são dominados pelo
pecado, permanecem na busca por realização, em tornarem-se famosos e conhecidos
por toda terra, sendo o centro do universo (veja Gênesis 4.17-24), enquanto
aqueles que seguem a Deus, são caracterizados pelo simples fato de Deus ser o
centro de suas existências. Não há nada de mais importante a dizer sobre eles,
simplesmente o fato de que Deus estava com eles, fazendo parte de suas
histórias!
A
lista das obras da Carne, apresentada por Paulo, nada mais é do que um
retrato, uma fotografia nítida 10×15 da natureza humana: Desde o início, na
queda humana, foi constatado a nossa total depravação (Gênesis 6.5). Da
nossa herança cristã reformada*, que afirma que Deus opera a salvação na
vida do ser humano conforme a Sua livre e soberana vontade, e que o ser humano
está completamente morto diante de Deus como nos ensina (Efésios 2.1) temos a
compreensão da total depravação do ser humano: “O pecador está morto, cego e
surdo para as coisas de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente
corrupto. Sua vontade não é livre, pois está escravizada à sua natureza má; por
isso ele não irá – e não poderá jamais – escolher o bem e não o mal em assuntos
espirituais”.
Das
obras da Carne apresentadas por Paulo, podemos entender que elas são
manifestadas nas seguintes áreas de nossa existência:
Sexual – Imoralidade
sexual, impureza e libertinagem (Gálatas 5.19). Paulo emprega três termos
gregos: pornéia, akatharsia e aselgéia. Esses termos, designam pecados sexuais,
caracterizados pelo fato das pessoas que os praticavam, não possuírem a
compreensão da beleza da sexualidade, tratando-a como mercadoria e objeto. A
expressão de uma sexualidade sadia, como resultado da imagem de Deus na vida do
ser humano (Gênesis 2.25), levando marido e esposa a desfrutarem-se mutuamente,
é adulterada e transformada em algo momentâneo e egoísta, compartilhado com
muitos parceiros, mas nenhum cônjuge para compartilhar toda a vida.
Religiosa – Idolatria e
feitiçaria (Gálatas 5.20). O aspecto religioso é citado por Paulo, em dois
termos gregos: eidololatria e pharmakéia. O primeiro, trata do aspecto da
idolatria – colocar outro que não é Deus, no lugar de Deus, rendendo-lhe
adoração e devoção. O segundo termo, trata do uso de remédios ou drogas para
propósitos mágicos, feitiçaria. Esses dois termos designam obras da carne, pois
falam da tentativa humana em viver uma vida sem a existência e a presença de
Deus.
Relacional – Ódio,
discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja (Gálatas 5.20-21).
O aspecto relacional é pautado pela falta de amor. Ódio (echthra), como
hostilidade contra Deus e contra o ser humano; Discórdia (eris), como a
posição da pessoa que sempre é a correta, enquanto as demais estão erradas;
Ciúmes (zelos), como inveja ou não contentamento pelo bem do outro;
Ira (thumoi), como uma tremenda explosão de raiva;
Egoísmo (erithéia), como ambição egoísta, realizar coisas com a intenção
de beneficiar-se; Dissensões (dichostasiai), como algo contrário ao desejo
de união e comunhão; Facções (aireseis), como resultado das dissensões, o
desejo de criar seu próprio grupo; Inveja (phthonói), como malícia e má
vontade. Observe que esses aspectos das obras da carne, afetam
consideravelmente os relacionamentos.
Pessoal – Embriaguez,
orgias e coisas semelhantes (Gálatas 5.21). A última área apresentada por Paulo
aos gálatas, para falar-lhes da ação da carne na vida humana, refere-se ao lado
pessoal de cada um. Para tanto, Paulo utiliza-se de dois termos
gregos (methai e kumos), como correlatos, ou seja, duas palavras que
exprimem a mesma ideia: a falta de domínio próprio. Essas duas palavras,
remetem às festas da carne que aconteciam em todo império, chamadas Bacanais,
onde o ser humano era convidado a experimentar todas as sensações possíveis
(sexuais, bebedices, glutonarias), sem o mínimo de domínio próprio. A ordem das
Bacanais era aproveitar a vida ao máximo, sem qualquer pudor.
O
termo “coisas semelhantes” nos indica que essa lista não é uma lista completa,
fechada, mas uma lista representativa, que nos aponta a direção da força da carne na
vida do ser humano. Em resumo, as obras da carne, refletem o desespero
humano em viver totalmente distante de Deus. Elas são um reflexo do pecado,
como uma afronta à santidade de Deus.
Devido
à queda, o homem é incapaz de, por si mesmo, crer de modo salvador no
Evangelho. O pecador está morto, cego e surdo para as coisas de Deus. Por isso,
é preciso mais do que simples auxílio do Espírito para se trazer um
pecador a Cristo. É preciso a regeneração, pela qual o Espírito vivifica o
pecador e lhe dá uma nova vida.
As
consequências
O
julgamento para os que vivem na carne (Gálatas 5.21c). Paulo não está falando
de um ato pecaminoso, mas sim do hábito de pecar. Aqueles que praticam o pecado
não herdarão o Reino de Deus. Aqueles que vivem na prática do pecado e não se
deleitam na santidade nem mesmo encontrariam ambiente no céu.
A
carne ela é transitória, fraca, e possui inclinação ao pecado. É sua natureza.
Assim como a natureza do cachorro é alimentar-se ou ter preferência por carnes,
a natureza da nossa carne é alimentar-se do pecado que gera esfriamento
espiritual.
Esse
esfriamento espiritual nos conduz a lermos menos a Palavra de Deus e a não O
buscarmos em oração. Então, costumamos dizer: “Estou cansado de falar
com Deus”. Ainda que tenhamos iniciado um processo de dias de oração e
propósito, muitos de nós nos cansamos e afadigamos. Consequência da nossa
carnalidade.
Não
existem castigos nem recompensa, tudo o que existe são consequências. Certo
membro de uma determinada igreja, filho de um pastor, envolveu-se com as coisas
do mundo e abandonou o Senhor. Fazia 15 dias que o seu filhinho havia nascido,
e, não sabe se na intenção de comemorar o nascimento da criança, ele acabou
fazendo uma escolha que lhe custou caro, muito caro. Esse moço saiu com os
amigos e foi a um “pesque e pague”. Ali todos beberam muito, perderam a noção
do perigo, e esse jovem pai pulou na água e quebrou a quarta vértebra. O
diagnóstico dos médicos foi triste: eles disseram que ele ficaria tetraplégico.
Uma escolha que lhe custou a perda dos movimentos.
E
nessas horas surgem aqueles que abrem a boca para dizer bobagens, mentiras, e
uma delas é a de que a pessoa que passa por uma situação dessas está sendo
castigada. Não, não há castigo algum, há o resultado de uma escolha. E a
escolha de uma única pessoa pode afetar a família, pode afetar toda uma
geração.
Uma
coisa é certa, não fora Deus quem tornou o membro da igreja tetraplégico. Deus
é bom. Deus é só amor. Nunca atribua a Deus maldade alguma. A grande
dificuldade que enfrentamos em nossas vidas, muitas vezes, surge no momento
quando deixamos o Senhor, quando saímos da sua cobertura e ficamos sujeitos aos
estragos feitos por satanás. Deus é bom e tem o melhor para nossas vidas,
sempre. O caminho do Senhor é um caminho de bênçãos, mas a vida é feita de
escolhas, se escolhermos desobedecer, escolheremos a maldição, mas se
obedecermos e tivermos o temor a Deus, Ele fará transbordar em nossas vidas
bênçãos sem medida. O caminho da obediência traz a bênção, já o caminho da
desobediência é como um ímã que atrai a maldição.
A
carne é fraca (Isaías 40.6-8),
deseja ser independente, com forte tendência a individualidade (Isaías 53.6), ou seja, não almeja
buscar a vontade do Senhor por si mesma, de onde provém a desobediência à
soberana vontade de Deus. Possui inclinação à presunção e à autoconfiança, o
que implica em se envergonhar das suas fragilidades. Tem a tendência de
desprezar os outros ou se achar sempre melhor do que as outras pessoas – isso
até mesmo no conhecimento de Deus. É inclinada a auto justificação, ou seja,
não gosta de pedir auxílio das pessoas, sempre tem uma desculpa para suas
falhas e erros, o que é intrínseco a todo ser humano caído. Representa a
rebelião e inimizade contra Deus (Romanos
7.19) e (I Pedro 2.11). Possui grande desejo de se amar e se idolatrar (Gálatas 5.17) e também resistência a
perdoar (Romanos 7.14).
(Romanos
5.10) - É bem específico ao nos confrontar que somos inimigos de Deus por
vivermos na carnalidade e no pecado. A carne, em si mesma, não é pecado, mas a
inclinação da carne constitui o pecado, o que implica desobedecermos a Deus e
Seus mandamentos. Por isso, o senhor Jesus Cristo veio em carne, mas em tudo,
mesmo tentado, não pecou, mas fez-Se pecado por nós (Hebreus 4.15) e (II
Coríntios 5.21).
Sabedoria
e Consequências
A
vida nos apresenta dois instrutores verdadeiramente efetivos. Ambos são de
primeira linha, mas nenhum deles custa barato. Ao mesmo tempo que ambos são
efetivos, ambos exigem alguma coisa de nós. Temos de escolher um dos dois e, se
não escolhermos nenhum, forçosamente o segundo será o selecionado.
Os
dois instrutores são a Sabedoria e as Consequências. Podemos aprender muita
coisa de cada um deles. No entanto, devo avisá-lo que há enorme diferença em
seus estilos de ensino. Enquanto a Sabedoria nos impressionará e nos alegrará
com suas lições, as Consequências nos deixarão sem ar, e não no sentido
positivo. A verdade é que as Consequências são de longe o instrutor mais rigoroso.
Em
primeiro lugar, a matrícula e as mensalidades das Consequências são
extremamente caras. É verdade que ela nos ensinará bastante mas, no momento em
que estivermos aprendendo suas lições, sua instrução nos custará muito. Pode
custar nosso casamento, nossa família, nosso emprego, talvez até mesmo nossa
vida. As Consequências têm enorme custo final.
Se
as Consequências têm um alto custo final, a Sabedoria tem um elevado custo de
entrada. Requer disciplina, obediência, consistência e, acima de tudo, tempo.
Depois disso, porém, ela derramará sobre você tremendas e abundantes riquezas.
Você quer saber qual é a maior diferença entre as Consequências e a Sabedoria?
A
sabedoria ensina a lição antes de você cometer o erro. As Consequências, por
sua vez, exigem que você primeiro cometa o erro. Só depois ela lhe ensinará a
lição.
A
Sabedoria coloca a cerca no topo da montanha; as Consequências o visitam no
hospital quando você está engessado, depois que alguém o resgatou ao pé da
montanha.
A
fé não é algo que o homem dá (contribui) para a salvação, mas é ela própria,
parte do dom divino da salvação. É o dom de Deus para o pecador e não o dom do
pecador para Deus.
As
obras da Carne são feitas naturalmente, pois são inerentes a todo ser humano.
Não precisamos nos empenhar muito para as realizarmos, mas precisamos da Graça
de Deus, para vencermos suas terríveis tendências em nossas vidas.
Para Agostinho,
a origem de todas as ramificações do pecado é o orgulho. Para Martinho Lutero,
o coração da Reforma Protestante, a origem de todo pecado advém da incredulidade. Portanto, se em nós há
orgulho e incredulidade, devemos rever nosso caminhar cristão e nos
arrependermos e convertermos, para que venham enfim os tempos de refrigério
pela Presença do Senhor (Atos 3.19).
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