domingo, 15 de dezembro de 2013

Usina de Belo Monte - Pará - Brasil

O controvertido colosso do Xingu


MARCELO LEITE
DIMMI AMORA
MORRIS KACHANI
LALO DE ALMEIDA
RODRIGO MACHADO
ilustração NUNO RAMOS

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RESUMO Este é o primeiro capítulo de "A Batalha de Belo Monte", que inaugura a série digital Tudo Sobre, no site daFolha (leia em folha.com/belomonte). 

Além desta descrição da obra, outras quatro partes, disponíveis on-line, abordam os impactos na Volta Grande do Xingu, o caos em Altamira, a situação dos índios e as décadas de polêmica em torno da hidrelétrica.


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A explosão às 6h da manhã arranca uma camada de 9 m de espessura do bloco de migmatito numa área de 750 m² que já foi a morada de árvores centenárias na zona rural de Altamira e Vitória do Xingu (PA). Assentada a poeira, resta uma montanha de fragmentos dessa rocha dura, aparentada com o granito. À meia-noite, nem um pedregulho estará mais ali.

Duas escavadeiras se posicionam lado a lado, a 50 m uma da outra. Cinco levantamentos de cada uma e, em menos de três minutos, enche-se uma carreta com 32 toneladas de pedras. Sai um caminhão, encosta outro. Em 20 minutos, partem 18 caçambas cheias. Não há um segundo de descanso.

O ritmo frenético de homens e máquinas marca a construção de um canal de 20 km de comprimento, para dar passagem aos 14 milhões de litros de água por segundo desviados do rio Xingu -vazão quase 140 vezes maior que a do canal de transposição do São Francisco- que vão movimentar as turbinas da terceira maior hidrelétrica do mundo, e também uma das mais controversas: Belo Monte, da empresa Norte Energia S.A.

Quando estiver funcionando a toda força, a usina poderá produzir até 11.233 megawatts (MW) de eletricidade. Uma capacidade instalada suficiente para iluminar as casas de pelo menos 18 milhões de pessoas e ficar atrás só da hidrelétrica chinesa Três Gargantas (22.720 MW) e da paraguaio-brasileira Itaipu (14 mil MW).

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, o Brasil precisa acrescentar 6.350 MW anuais de geração elétrica, até 2022, ao seu parque atual de 121 mil MW (70% produzidos por hidrelétricas). Se pudesse produzir a toda carga o ano inteiro, Belo Monte garantiria quase um quinto da eletricidade adicional de que o país vai precisar -mas isso só tem chance de ocorrer em quatro meses do ano.

A maior parte da capacidade de geração (11 mil MW) da nova usina ficará instalada na casa de força principal, junto da antiga vila de Belo Monte do Pontal, cuja obra já avançou 47%.
A barragem propriamente dita, contudo, ficará 60 km rio acima, do outro lado da Volta Grande do Xingu, no sítio Pimental, pouco depois do ponto em que o canal captará água para encher os 130 km² do reservatório intermediário. Junto ao vertedouro da barragem de Pimental, seis turbinas poderão produzir até 233 MW na casa de força auxiliar.


O pico de 11.233 MW só poderá ser alcançado entre fevereiro e maio, quando o Xingu atinge suas vazões máximas. Nos outros meses, as turbinas serão progressivamente desligadas.

Entre altos e baixos, espera-se que Belo Monte garanta uma média de 4.571 MW, ou apenas 41% de sua capacidade instalada.
"Para começar a gerar, isso tudo tem de estar concluído", diz a engenheira civil Roberta Martinelli Pimentel Pereira, 35, apontando para o canal onde poderiam acomodar-se facilmente 60 caminhões lado a lado.

Belo Monte precisa começar a produzir energia em fevereiro de 2015, com o funcionamento da primeira turbina da casa de força auxiliar, mas isso vai atrasar uns três meses. Depois, de março de 2016 até janeiro de 2019, entram em linha as 18 turbinas da casa de força principal. Nesse caso, nada pode atrasar.
Adriano Vizoni/Folhapress
Reprodução de obra do artista plástico Nuno Ramos
Reprodução de obra do artista plástico Nuno Ramos
Na realidade, a Norte Energia trabalha com a hipótese de antecipar a montagem das turbinas principais, a partir da quarta ou quinta máquina, de modo a que todas estejam em operação antes do prazo contratual -o que trará ganhos consideráveis para o empreendedor.

No presente, o maior desafio de Roberta Pereira é domar as águas dos igarapés que cortam o curso do grande canal e completar, ainda em dezembro, a ensecadeira -espécie de barragem provisória, para manter a construção isolada do rio Xingu. A engenheira miúda comanda 7.000 empregados e tem 12 anos "no trecho", como se refere às grandes obras de infraestrutura por que passou. A ensecadeira já tem fundações prontas, e a maior parte do aterro já alcançou a cota de segurança contra cheias, 95 m.

Belo Monte fervilha 24 horas por dia, dois anos e meio após o início oficial de sua construção, em junho de 2011.

Com um custo estimado em R$ 30 bilhões, o prazo para começar a produzir energia é apertado: só 44 meses. Em Itaipu foram 120 meses; a previsão para a hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), era de 52 meses, mas a usina começou a gerar energia nove meses antes disso.

CLÍMAX
As obras de Belo Monte atingiram o clímax em outubro, com 25 mil trabalhadores (87% deles homens). Três quartos dos mais de 5.600 municípios brasileiros têm população menor que esse exército de operários.

De cidades bem menores que os canteiros da usina vieram João, José, Antônio, Pedro e Joaquim (que pedem para não ter seus verdadeiros nomes revelados).

Sentados domingo à tarde na calçada da av. João Rodrigues, em Altamira, os cinco bebem vodca com soda. Chegaram há pouco mais de um mês e já pensam em ir embora. Belo Monte foi para eles uma decepção. "Nosso salário, em vista de outros Estados, tá aqui", diz João, com o dedo indicador perto do chão.

João não é barrageiro de primeira campanha. Em 2011, trabalhou na usina de Santo Antônio, no rio Madeira. Diz que lá sua renda mensal ficava entre R$ 1.700 e R$ 1.800. Em Belo Monte, o primeiro salário não passou de R$ 1.200.

O teto de dez horas extras semanais negociado entre o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) e o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada do Pará) impede os operários confinados nos canteiros de trabalhar mais que 54 horas por semana -e, portanto, de aumentar o pagamento.
Mais de dois terços dos trabalhadores vêm de fora de Altamira. O isolamento da família é agravado pelo fato de nos canteiros só haver sinal da operadora Oi, que tem entre seus
controladores a Andrade Gutierrez, líder das empreiteiras do CCBM (que conta ainda com Odebrecht e Camargo Corrêa).

Quem tem celular de outras redes pena para falar com a mulher e os filhos. Os mais persistentes descobriram vestígios de sinal no morro da caixa d'água perto do alojamento de Pimental, onde podem ser vistos usando aparelhos amarrados em estacas fincadas no chão.

Segundo pesquisa Datafolha com 246 trabalhadores da obra entrevistados em Altamira, a maioria é de casados (51%), dos quais só 40% têm mulher ou marido vivendo na cidade. Dois entre três trabalham em Belo Monte há menos de um ano e pelo menos a metade não pretende ficar, só veio em busca do emprego (38% já trabalharam em outras barragens).

Os alojamentos têm dormitórios para no máximo quatro pessoas, com ar-condicionado, banheiro interno e água quente. Dezenas de quartos compõem os "condomínios", em cada um dos quais só se entra com o crachá magnético correspondente. No pátio interno entre os condomínios, os quartos são isolados por alambrados.

As opções de lazer são ver TV, ir à academia, jogar sinuca, dominó ou pebolim. Há espaço para cultos religiosos e aulas de informática. Um cinema com 200 lugares está para ser inaugurado.

De acordo com o Datafolha, 57% dos trabalhadores da usina moram nos alojamentos dos canteiros. A maioria aprova conforto (89% de ótimo e bom) e limpeza (84%) do local, assim como sua organização (71%) e as opções de lazer (70%). Só a qualidade da alimentação divide opiniões: 45% de ótimo/bom contra 45% de regular.

PRAZO
Greves de trabalhadores (como a que parou toda a obra no final de novembro, por melhor remuneração), protestos de índios, paralisações determinadas pela Justiça e problemas com licenças ambientais podem forçar a Norte Energia a atrasar o início da geração.
Pelo contrato assinado com a União, a multa por descumprimento do prazo pode chegar a 2% do faturamento anual.

A Norte Energia ainda teria de comprar de outras empresas a energia que não entregar, ao custo diário de até R$ 1 milhão por turbina não acionada, dependendo do preço da energia na época. Esse prejuízo acabaria assumido pelos contribuintes, pois, apesar de planejado como empreendimento privado, Belo Monte no fundo é estatal -não é à toa que a Força Nacional de Segurança participa da vigilância na obra.


Em 2010, quando a Norte Energia venceu o leilão para construir Belo Monte, o grupo era pouco mais que um aglomerado de empresas médias de construção civil e energia (Bertin, Queiroz Galvão, J. Malucelli, Cetenco, Galvão Engenharia, Mendes Júnior e Serveng) com estatais lideradas pela Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).
Desde então, sua composição evoluiu para uma associação entre as estatais e fundos de pensão, que contratou para tocar a obra civil boa parte das empreiteiras perdedoras do leilão, agora reunidas no CCBM.

Antonio Kelson Elias Filho, 55, é o diretor de obras da Norte Energia. Com seu sotaque mineiro, modos diretos e voz poderosa, Kelson é o próprio comandante-em-chefe da megaconstrução. Distribui ordens o tempo todo, pessoalmente e por telefone.

Ao recordar sua reação após a vitória no leilão sobre um consórcio dado como favorito, Kelson deixa claro qual era o estado de espírito da tropa improvisada ao assumir o domínio sobre Belo Monte: "O Piauí ganhou a guerra com os Estados Unidos. Agora tem de ocupar".
Tudo em Belo Monte é colossal. O canal de 20 km sob o comando da engenheira Roberta Pereira tem no mínimo 200 m de largura no fundo e pode ultrapassar 300 m na borda superior dos taludes. A água alcançará uma profundidade de 22 m, o equivalente a um prédio de sete andares.

A barragem em Pimental terá 8 km. O coração da usina, em Belo Monte, vai abrigar 18 turbinas de 5 m de altura e 8,5 m de diâmetro em nichos escavados na rocha viva, com altura equivalente a 45 andares.

O gerador movimentado pela turbina tem 22 m de diâmetro e precisa ser levado aos pedaços até a região, pela impossibilidade de transportá-lo numa peça só.
Sete dessas unidades geradoras começaram a ser montadas neste mês na fábrica da Alstom em Taubaté (SP), a mais de 2.300 km de Altamira.

A finalização da roda da turbina exige soldar três tipos de peças: o cubo (roda menor), fundido na Coreia do Sul; a cinta (roda maior), produzida na China; e as pás fabricadas em Piracicaba pela empresa brasileira Dedini.
Ao contrário do gerador, a roda segue inteira -320 toneladas de aço inoxidável- para o Pará. Cada viagem deve tomar de três a quatro meses, de carreta até Santos, depois de navio até Belém e, por fim, de balsa até o porto construído em Belo Monte.

Só o contrato da Alstom, firma de origem francesa envolta em escândalos que lidera o consórcio para fabricar 14 das 18 unidades geradoras, vale R$ 1,3 bilhão.

Ela entregará a primeira turbina para geração no início de 2016, na casa de força principal do sítio Belo Monte. Os outros quatro conjuntos de turbina e gerador estão sendo fabricados em Suape (PE) pela Impsa, multinacional argentina contratada separadamente pela Norte Energia.

LOGÍSTICA A logística da construção não tem sido fácil. A rodovia Transamazônica, aberta na década de 1970, ainda tem trechos não asfaltados nos 906 km que separam Altamira da capital do Estado, Belém, os quais se tornam intransitáveis no período de chuvas, de dezembro a junho.

A construção de 270 km de acessos da Transamazônica até os canteiros permitiu aumentar o ritmo das obras. Em 2011, quando ela começou, um caminhão levava quatro ou cinco horas para ir da rodovia ao sítio Pimental. Agora, leva 40 minutos.

Em julho de 2011, protestos fecharam a Transamazônica. Para alimentar os empregados, foi necessário fretar dois aviões, ao custo total de R$ 80 mil, que foram buscar em Belém toneladas de arroz e outros víveres. Quando a carga chegou, havia comida só para três dias de alimentação.

A rubrica transporte representa em torno de 8% do custo total do projeto Belo Monte. "Se tivéssemos a Transamazônica asfaltada, teríamos uma economia de R$ 200 milhões, dos R$ 800 milhões já gastos com transporte", calcula Marcos Sordi, diretor administrativo do CCBM.

Na avaliação do consórcio, ao final deste ano cerca de metade de toda a obra civil de Belo Monte estará realizada. Na barragem do rio Xingu, a parte que precisa ficar pronta em 2014 para acionar as turbinas na casa de força auxiliar de Pimental, as obras devem chegar a 47%. Os engenheiros afirmam que tudo está dentro do cronograma.

PEDRA
O migmatito é um dos grandes segredos de Belo Monte. A abundância e a dureza da rocha permitiram aos engenheiros, após dez meses de testes, alterar o projeto original: em lugar de revestir o leito do canal com concreto, optaram por cobri-lo com pedra britada -pedregulhos de até 20 cm. Isso vai economizar 1 milhão
de m³ de concreto e R$ 200 milhões no custo da obra, além de encurtar de 27 para 16 meses o tempo de construção do canal.


As pedras, porém, formam uma superfície mais rugosa que o concreto, o que faz com que a água avance do rio para o reservatório com velocidade menor, pelo atrito. E a velocidade da água é fundamental na geração da energia, para garantir que o volume adequado seja abocanhado pelas turbinas.

O princípio do funcionamento de uma hidrelétrica é que um grande volume de água desça o mais rapidamente possível do ponto mais alto para o mais baixo, a fim de girar turbinas que vão acionar os geradores.

A energia é produzida pelo movimento circular de um rotor com enrolamento de cobre no interior de outro circuito imóvel do mesmo metal (o estator) -exatamente o inverso do processo de um motor elétrico, que consome eletricidade para produzir movimento, enquanto o gerador converte a energia mecânica em elétrica.

Para compensar a perda de velocidade da água no canal revestido com pedras, foi necessário "alargar o cano", ou seja, aumentar sua seção (em 35%). São mais árvores para retirar, migmatito para explodir, escavadeiras para levantar e caminhões para transportar.
Kelson afirma que foi tudo calculado para o balanço entre receita e despesa ser positivo. "Não brinca. Se chegar à conclusão de que é negativo, melhor não mudar", diz o diretor de obras.

A Norte Energia não tem margem para errar nas contas. Mesmo com 35 anos de estudos sobre o empreendimento, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou, antes da licitação de 2010, que o projeto de Belo Monte implicava "elevado nível de incerteza, incompatível com o porte da obra".

O orçamento do projeto estimado pelo governo foi considerado por empresas interessadas insuficiente para construir a usina, pagar suas despesas e gerar um retorno por volta de 6% ao ano sobre o capital investido.

Quem disputa a concessão de uma hidrelétrica tem como principal fonte de receita a venda de energia para o sistema interligado nacional. No caso de Belo Monte, o governo estimou em 2008 que uma tarifa de R$ 83 por MWh (megawatt-hora) seria suficiente para cobrir todos os custos e dar lucro. Venceria quem oferecesse a menor tarifa.

Quando há disputa, a empresa precisa oferecer um desconto sobre essa tarifa -desde que as simulações indiquem que ela pode ganhar mais com a comercialização de energia, ter um lucro menor ou fazer uma obra a custo mais baixo que o previsto.

Por outro lado, se a obra sair mais cara que o orçado pela vencedora do leilão, ou se a usina não gerar energia na quantidade e no prazo previstos, é ela quem arca com o prejuízo.
"O que vale para o consumidor é o preço final. O que consideramos nas nossas hipóteses é irrelevante", diz Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Planejamento Energético), estatal responsável por definir os parâmetros dos editais da licitação.


SUSPEITA
Em abril de 2010, a Norte Energia venceu a concorrência pela concessão de Belo Monte oferecendo um valor 6% menor (R$ 78) que o preço de referência. O custo da obra estimado pela Norte Energia, contudo, era 30% superior ao máximo previsto pelo governo.
Para o mercado, não parecia possível recuperar o investimento com a tarifa oferecida. 

Uma decisão da Eletrobras tomada meses depois do leilão reforçou essa suspeita. A Eletrobras, holding estatal que controla a Chesf, firmou um contrato com a Norte Energia para comprar, por R$ 130 o MWh, a energia excedente que Belo Monte puder vender no mercado.


Esse preço da eletricidade extra, vendida no mercado livre, varia diariamente e, na média dos últimos dez anos, ficou em R$ 79. Portanto, a estatal-mãe deu uma bela ajuda à filha, que a usou para convencer o BNDES a liberar um empréstimo subsidiado de R$ 22,5 bilhões.

"A isso se dá o nome de energia limpa e barata", ironiza Célio Bermann, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. Para o especialista, Belo Monte está acima da média mundial de US$ 1.000 por MW instalado e vai ocasionar despesas para o contribuinte com os subsídios implícitos no financiamento e na comercialização da energia.

A Norte Energia depende ainda do Ibama para saber, de fato, quanto Belo Monte vai produzir de eletricidade.

Por contrato, ela precisa gerar 4.571 MW em média, ao longo de cada ano (meros 41% de sua capacidade instalada), sendo que 70% dessa energia garantida vai para o sistema integrado.

Como o reservatório que alimentará a casa de força principal é relativamente pequeno, a água que for reservada no período de cheia não bastará para gerar nem 10% da capacidade quando chegar o auge da seca.
Uma das condições do Ibama para dar a licença de operação da usina é que o rio Xingu precisa de uma vazão mínima nas cheias para manter em boa saúde os ecossistemas na Volta Grande, abaixo da barragem de Pimental.

Belo Monte tem, no entanto, um atributo que pesou na decisão de seguir em frente com a sua construção: poderá gerar energia em abundância nos períodos do ano em que as usinas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, principais regiões produtoras, operam com restrições para não esgotar seus reservatórios.

Em 2012, foi necessário gerar 14,3 mil MW em média, ao mês, acionando usinas térmicas, o que custou ao país R$ 12 bilhões a mais que a geração hidrelétrica.

Para os altamirenses, a eletricidade de Belo Monte ainda é uma ficção. Por ora, a usina só lhes trouxe seguidas interrupções de energia. A rede elétrica de distribuição, com seus fios e transformadores das décadas de 1970 e 1980, não suporta o aumento do consumo.
No verão amazônico, quando as temperaturas quase não baixam dos 35°C, os clientes em busca de sistemas de ar-condicionado não podem ser atendidos na Climatech, porque os aparelhos da loja não funcionam, e o local se transforma numa estufa.

"Estamos fazendo a maior usina do Brasil e não temos energia", lamenta Evaldo André, 33, dono da empresa, que deve a própria prosperidade de seu empreendimento a Belo Monte: em dois anos a firma passou de 5 para 25 funcionários.



Jairzinho Viana
Apologista cristão, Ministro, Líder fundador da Igreja Pentecostal da Anunciação (IPA) na Cidade de Parauapebas e Presidente da Mesa Diretora.
Contato para agendas:
redencaodasalmas@gmail.com


MARCELO LEITE, 56, repórter especial da Folha, é autor de livros como "Promessas do Genoma" (ed. Unesp). Coordenou o projeto Tudo Sobre / Belo Monte.
DIMMI AMORA, 39, é repórter da Folha.
MORRIS KACHANI, 44, é repórter especial da Folha.
LALO DE ALMEIDA, 43, é repórter-fotográfico.
RODRIGO MACHADO, 33, é repórter do "TV Folha".
NUNO RAMOS, 53, é artista plástico e escritor, autor de livros como "Ó" e "Junco" (ambos pela Iluminuras). Inaugura a exposição "Anjo e Boneco" no MON de Curitiba nesta terça
(dia 17).

Cristão ou crente - Qual o grande engano?

O grande engano

Palavras como disfarce, imitação ou cópia são conhecidas de todos. Também no cristianismo há pessoas que se dizem “cristãs”, mas no fundo não o são.

Há muitas coisas falsas, quase idênticas às verdadeiras, difíceis de distinguir das genuínas, como roupas, relógios, joias, quadros, tapetes, etc. Precisamos de especialistas que consigam diferenciar entre o verdadeiro e o falso com base em detalhes mínimos.

Também no cristianismo há imitações, disfarces, cópias, cristãos que parecem verdadeiros e, no entanto, são falsos. Isso é ilustrado de forma clara na parábola das dez virgens (Mateus 25.1), exteriormente, as cinco virgens néscias eram muito parecidas com as sábias, exceto pelo fato de que lhes faltava o óleo (um símbolo do Espírito Santo que habita nos salvos). 

Muitos vivem uma vida cristã porque são levados pela corrente do cristianismo que os cerca. Seu ambiente é cristão e por isso eles também o são.

Não quero que esta mensagem roube a certeza da salvação de ninguém que tenha no coração essa convicção pelo testemunho do Espírito de Deus. Além disso, tenho certeza de que um cristão espiritualmente renascido não pode se perder (Hebreus 10.10,14). Mas também não quero que alguém ponha sua confiança em uma falsa segurança, em algo que nem mesmo existe.

Às vezes admiramo-nos quando pessoas, que eram consideradas cristãos autênticos, de repente se desviam da fé e não querem ouvir mais nada a respeito de Jesus e da obra que Ele realizou na cruz do Calvário, chegando até mesmo a negá-la. O apóstolo João também passou por essa experiência dolorosa, descrita em sua primeira carta:

“Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (I João 2.19).

A Bíblia não esconde o fato de que além do cristianismo verdadeiro, legítimo, renascido da “água e do espírito”, há também um cristianismo aparente, formado por “cristãos” que não estão ligados a Jesus, não estão enraizados nEle, não vivem nEle e por Ele. Mesmo que tudo pareça legítimo, eles não passam de uma imitação. É   desses “cristãos” que Paulo fala ao escrever a Timóteo, em sua segunda carta:

“...tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (II Timóteo 3.5).

A Edição Revista e Corrigida diz: “...tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”. Na Nova Versão Internacional lemos: “...tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também”.

Sendo cristão sem ser cristão
De acordo com pesquisas nos EUA, quase metade dos americanos se dizem cristãos renascidos. Mas uma análise mais aprofundada revelou que muitos confundem o novo nascimento com uma sensação positiva a respeito de Deus e de Jesus.

Um levantamento estatístico entre os cristãos praticantes nos EUA apresenta resultados desanimadores, o que também é representativo em relação à Europa:

·         20% nunca oram;
·         25% nunca leem a Bíblia;
·         30% nunca vão à igreja;
·         40% não apoiam a “obra do Senhor” por meio de ofertas;
·         50% nunca vão à Escola Bíblica Dominical (de todas as faixas etárias);
·         60% nunca vão a um culto vespertino;
·         70% nunca dão dinheiro para missões;
·         80% nunca frequentam uma reunião de oração;
·         90% nunca realizam culto em família.

Se a situação já é assim na América marcada pela influência do puritanismo, quanto mais na superficial Europa. O próprio Senhor Jesus advertiu a respeito da confissão nominal, que carece de conteúdo verdadeiro, ou seja, que não está de acordo com o que vai no coração:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus 7.21-23).

Com isso, o Senhor esclarece quatro pontos básicos: há duas coisas que não são de forma alguma suficientes para que alguém seja salvo, e outras duas são imprescindíveis para que alguém seja redimido.

Duas coisas insuficientes para a salvação
Nem a simples confissão “Senhor, Senhor” nem as obras em nome de Jesus são suficientes para alcançar a salvação eterna. Em muitas igrejas, denominações e entidades cristãs as orações são meramente formais, os atos de caridade são feitos em nome de Jesus sem que aqueles que os realizam pertençam a Ele ou sejam filhos de Deus. Quantos indivíduos “cristãos” realizam atos cristãos sem pertencerem a Cristo! É assustador que no fim Jesus até mesmo condena as suas ações como sendo iníquas: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”.

Duas coisas imprescindíveis para a salvação
Precisamos fazer a vontade de Deus e precisamos ser conhecidos por Deus:

1)      Fazer a vontade do Pai celeste não é realizar muitas boas ações, pequenas e grandes, mas ter fé em Jesus Cristo, entregar conscientemente a vida a Ele e obedecer-Lhe na prática.

O judaísmo da época de Jesus tinha “boas ações” para apresentar: muitos eram fanáticos em seguir a lei, lidavam com a Palavra de Deus, expulsavam maus espíritos e faziam milagres. Mas uma coisa eles não queriam: crer em Jesus Cristo e, assim, aceitar a misericórdia que recebemos por meio dEle Pensavam que chegariam ao céu sem Ele, que Deus reconheceria as suas obras e lhes permitiria entrar. Porém, foi justamente nesse ponto que Jesus tratou de contrariar seus planos. Eles tinham de aprender e aceitar que a vontade de Deus era que reconhecessem sua própria falência espiritual e cressem em Jesus.

Nós enfrentamos o mesmo problema hoje. “Cristãos” nascidos em um ambiente cristão pensam que conseguirão ir para o céu por meio de obras cristãs. Ao lhes dizermos que nada disso serve, que no fim das contas as suas ações são iniquidades inaceitáveis aos olhos de Deus e que eles continuam perdidos, a grande maioria reage de forma irritada, por pensar que não precisam de Jesus pessoalmente. Quando Jesus foi questionado:

“Que faremos para realizar as obras de Deus?”, Ele respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (João 6.28-29).

2)       Precisamos ser conhecidos por Deus. Haverá pessoas das quais Jesus dirá naquele dia: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”.

Não é suficiente crer em Jesus de forma superficial, reconhecê-lo, acreditar em Sua existência ou aceitá-lo até certo ponto. Não – é preciso que haja um encontro pessoal com Ele.

Posso dizer: “Conheço o presidente do Brasil”. De onde o conheço? De suas aparições na mídia. Mas será que ele me conhece? Claro que não! No entanto, se eu fosse convidado a visitá-lo, teria a oportunidade de ser conhecido por ele.

O Senhor Jesus convida cada ser humano, de forma pessoal, a entregar-se a Ele: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mateus 11.28).

Quem aceita esse convite, quem se achega a Ele com todos os seus pecados, quem O aceita em seu coração e em sua vida e crê em Seu nome (João 1.12), esse é conhecido por Ele. Quem fez isso reconheceu o Pai e o Filho de Deus e entrará no céu:

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3).

“Tens nome de que vives... ...e estás morto” (Apocalipse 3.1). Há muitos que se chamam de cristãos, mas o são apenas nominalmente. O Senhor Jesus falou de pessoas que imaginariam servir a Deus matando justamente Seus verdadeiros filhos:

“Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim” (João 16.2-3).

Eles reivindicam autoridade teológica, pensam servir a Deus, mas não conhecem nem o Pai nem Jesus Cristo. Isso aconteceu, por exemplo, na época das Cruzadas e da Inquisição. Hoje também existe uma teologia que reivindica toda autoridade para si e rejeita os que se baseiam na Palavra de Deus. Basta lembrar das muitas seitas e do islamismo, que afirmam que Deus não tem um Filho.

 Já no século VII antes de Cristo, na época do profeta Jeremias, havia dignitários religiosos meramente nominais. Ouvimos o lamento de Jeremias:

“Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, os pastores prevaricaram contra mim, os profetas profetizaram por Baal e andaram atrás de coisas de nenhum proveito” (Jeremias 2.8).

Mesmo um cristão meramente nominal pode apostatar da fé. Quem com sua boca confessa ser cristão, mas não pratica o cristianismo no dia-a-dia, precisa aceitar que outros lhe perguntem se não está enganando a si mesmo.

Não é exatamente isso que vemos hoje? Muitos teólogos abandonaram a fé bíblica e correm atrás de convicções que não servem para nada. Eles se abriram para religiões e correntes espirituais que não têm absolutamente nada a ver com Jesus Cristo. Isso também já aconteceu na época em que o povo de Israel peregrinou pelo deserto. Depois de ter louvado a grandeza e a soberania de Deus (Deuteronômio 32.3-4), Moisés emendou uma declaração sobre os infiéis:

“Procederam corruptamente contra ele, já não são seus filhos, e sim suas manchas; é geração perversa e deformada” (Deuteronômio 32.5).

Portanto, realmente é possível que aqueles que não são Seus filhos se tornem infiéis a Ele.

É dito a respeito dos filhos de Eli: Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não se importavam com o Senhor... Era, pois, mui grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto eles desprezavam a oferta do Senhor (I Samuel 2.12,17).

O testemunho do meio secular sobre o crente
Jucilene Almeida é uma garota de programa que atende nas esquinas da pequena cidade de São Bento, interior do Maranhão - Brasil. Ela tem uma filosofia de trabalho diferente, se recusando a atender homens que não são da religião evangélica, tal como ela. De acordo com Jucilene, que tem 58 anos, pessoas mais próximas de Deus são mais fáceis de lhe proporcionar prazer.

A maranhense, que diz já ter atendido homens de diversas religiões no passado, garante que o fator principal pra só atender crentes é que, segundo ela, “os ateus costumam ser péssimos de cama e parecem não saber como satisfazer uma mulher”.

“Nos meus 40 anos de carreira nunca vi um ateu bom de cama. E olha que já saí com mais de 200 ateus ao longo da minha profissão. Prefiro mesmo é um Varão do Senhor”, afirma a garota de programa.

Ao ser questionada se daria oportunidade para um ateu provar que ela está errada, Jucilene é categórica: “Acredito na cura dos ateus. Se eles começaram a frequentar a igreja e aceitar Deus como seu legítimo salvador, talvez uma luz até paire sobre suas cabeças e faça com que seu desempenho sexual melhore bastante, mas não sei se seja o ideal. Só quem já nasceu com Jesus no coração consegue ter a chama do sexo acesa “.

Jucilene termina dizendo que até o final do ano converterá todas as suas colegas de profissão da cidade de São Bento em servas do Senhor. “Já está na hora das meninas daqui evoluírem”, afirma (Fonte: http://www.alertanoticias.com.br/noticia/index.php?id=8847).

Estes não reconheceram ao Senhor porque desprezaram o sacrifício. Enquanto uma pessoa (por mais cristã que se considere) desprezar o sacrifício de Jesus pelo pecado, não reconhecerá o Senhor.

Todos os israelitas saíram do Egito, mas da maior parte deles Deus não se agradou, motivo pelo qual tiveram de morrer no deserto (I Coríntios 10.1-12).

Como exemplo especial de alguém que era crente nominal e que realizava obras, mas que ainda assim estava espiritualmente morto, lembro de Balaão (Números 22-24):

·         Ele era um homem a quem Deus se revelava, com quem Deus falava (Números 22.9);
·         No começo ele foi obediente (Números 22.12-14);
·         Ele afirmava conhecer o Senhor e O chamou de “meu Senhor” e “meu Deus” (Números 22.18);
·         Ele adorava o Senhor (Números 22.31);
·         Ele reconhecia a sua culpa (Números 22.34);
·         Ele estava disposto a servir (Números 22.38);
·         Deus colocou Suas próprias palavras na boca de Balaão (Números 23.5);
·         Balaão abençoou Israel três vezes (Números 23 e 24);
·         Ele testemunhou da sinceridade e da fidelidade de Deus (Números 23.19);
·         Ele falou três vezes do Messias como Rei de Israel (Números 23.21; 24.7,17-19);
·         O Espírito Santo veio sobre ele (Números 24.2);
·         Ele testemunhava ser um profeta de Deus (Números 24.3-4);
·      Balaão confirmou a bênção e a maldição de Deus sobre os amigos e inimigos de Abraão (Números 24.9; Gênesis 12.3);
·         Ele colocou o mandamento de Deus acima de bens materiais (Números 24.13);
·         Ele falou profeticamente a respeito do futuro dos povos, sobre a chegada do Messias e chegou a mencionar o Império Mundial Romano [Quitim] (Números 24.14-24).

Apesar de tudo isso, a Bíblia chama Balaão de falso profeta, vidente e sedutor (Números 31.16; Josué 13.22; Neemias 13.1-3; II Pedro 2.15-16; Judas 11; Apocalipse 2.14-16). Por quê? Porque Balaão fazia concessões e aceitava comprometimentos, e levou o povo de Deus a se misturar com outros povos. Havia uma discrepância entre suas palavras e ações.

“Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas. Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do Senhor se acendeu contra Israel” (Números 25.1-3).

Balaão havia levado Israel a essa prostituição (Números 31.16; Neemias 13.1-3). Pedro chama Balaão de alguém que “amou o prêmio da injustiça”. Na Epístola de Judas ele é chamado até mesmo de enganador (“erro de Balaão”) e   no Apocalipse ele é apresentado como alguém que “armou ciladas”.

 A Bíblia diz a respeito das pessoas nos últimos tempos que: “os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (II Timóteo 3.13).

Quem tende a prostituir-se espiritualmente ou a comprometer sua fé e suporta, permite e pratica essas coisas sem que sua consciência o acuse, tem motivo para crer que, apesar das aparências, não é um cristão verdadeiro. Com isso não estou me referindo à luta contra o pecado, que qualquer filho de Deus enfrenta. Não, aqui não se trata de “derrotas” na fé e na obediência, mas de lidarmos com o pecado de forma consciente e indiferente, de deliberadamente escolhermos a prática pecaminosa.

Não somos salvos por nossas próprias obras, mas somente pela fé em Jesus Cristo, pela conversão a Ele. Só aqueles que O aceitam, ao Filho de Deus, em seu coração e em sua vida, com fé infantil, poderão realizar obras que testemunhem a veracidade de sua fé. Essa fé precisa estar “enraizada” na Palavra de Deus. Em Sua parábola sobre o semeador, Jesus diz que há pessoas que aceitam a Palavra de Deus com alegria, mas não criam raízes para ela e mais tarde a abandonam (Mateus 13.20-21).

A raiz liga a planta à terra, da qual ela vive, lhe dá firmeza, extrai alimento e o conduz à planta. A raiz é um símbolo do Espírito Santo, por meio do qual estamos enraizados em Deus. O Espírito Santo nos traz a vida em Deus, à medida que extrai alimento das Escrituras.

Podemos aceitar a Palavra de Deus de forma superficial, podemos simpatizar com o Senhor, podemos acompanhar os cristãos durante algum tempo, mas depois nos afastar novamente, porque nunca nascemos realmente de novo e por isso nunca tivemos “raízes”.

Jesus disse aos Seus discípulos, àqueles que O seguiam: “Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (João 6.64).

De acordo com Hebreus 6.4-6, há pessoas que foram “iluminadas”, que “provaram o dom celestial”, e que até “se tornaram participantes do Espírito Santo” e ainda assim caíram. Por quê?

Porque foram iluminadas, mas elas mesmas nunca se tornaram luz. A luz pode se refletir em mim, e então estou iluminado; mas é preciso mais para que eu mesmo seja luz.

Porque provaram, mas não comeram (aceitaram). Posso sentir o cheiro do pão, provar o seu sabor (assim como o enólogo, que toma um pouco de vinho na boca para testar seu aroma, mas depois o cospe fora). Mas é preciso que aconteça mais: precisamos comer o pão, ingeri-lo. Não basta “provar” Jesus, ou seja, experimentá-lo – precisamos aceitá-lo em nós (João 6.53-56,63; João 1.12).

Porque participaram do efeito do Espírito Santo, mas nunca O receberam pessoalmente. Ao ler a Palavra de Deus, ao frequentar um culto, posso participar do efeito do Espírito Santo. Mas isso não é suficiente. Não – é preciso que haja uma renovação espiritual real.

É possível que pessoas assim imitem o cristianismo durante algum tempo, acompanhem e participem de uma igreja local. Mas um dia elas “cairão” e negarão a Jesus. Então muitos se perguntam espantados: “Como isso é possível?”

Quando o Senhor Jesus falou de comer Sua carne e beber Seu sangue para ganhar a vida eterna (João 6.53-59), muitos de Seus discípulos disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”(v. 60) e se afastaram dEle (v. 66), apesar dEle ter lhe explicado de antemão o que isso significava:

“O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6. 63).

Tornar-se cristão apesar de ser “cristão”
Enganam-se a si mesmos os que pensam que todos são cristãos! Muitas vezes, quando questionei pessoas que davam a entender isso, a resposta era: “Meus pais são cristãos”, ou: “Minha família é cristã!” Um conhecido evangelista costumava responder a essas afirmativas:

Jesus disse a Pedro: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lucas 22.32).

Por um lado, o Senhor confirmou a fé de Pedro. Por outro lado, porém, Ele falou da necessidade de sua conversão futura. Pedro poderia ter retrucado: “Senhor, sou judeu, um filho de Abraão. Cumpro os mandamentos, fui circuncidado ao oitavo dia, guardo o sábado, oro três vezes ao dia, celebro a Páscoa e faço os sacrifícios. E já Te sigo há três anos...”

Mesmo assim, ele ainda precisava converter-se. Da mesma forma Paulo, o grande defensor da lei, precisou se converter, assim como todos os outros apóstolos e discípulos.

Toda pessoa precisa se converter se quiser ser salva – inclusive os “cristãos”, sejam eles membros da igreja católica romana, protestantes, evangélicos ou de uma família cristã. Não são poucos os que nascem no cristianismo, da mesma forma como os judeus nascem no judaísmo. Mas, não é esse nascimento que dá a salvação, alcançada somente através de um “novo nascimento”:

Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (João 3.3).

Precisamos nos converter mesmo que tenhamos sido batizados quando pequenos, frequentado aulas de catecismo ou participado de cultos. Se não nascermos de novo, continuaremos perdidos.

Mais tarde, quando o apóstolo Pedro se converteu e experimentou o novo nascimento, ele escreveu em sua primeira carta: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros” (I Pedro 1.3-4).

Quem carrega em si o testemunho do Espírito Santo a respeito de seu novo nascimento (Romanos 8.16) deve alegrar-se com essa certeza e agradecer a Jesus Cristo por ela. Mas quem não possui esse testemunho inconfundível do Espírito Santo e ainda assim pensa ser cristão, está sujeito a um grande engano. Mas hoje esses “cristãos”, e qualquer pessoa que queira ser salva, pode alcançar a certeza da salvação, se converter-se de forma muito séria a Jesus Cristo. Então, por que esperar mais?

O Legitimo Cristão
E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me (Marcos 8.34), descreve Jesus Cristo chamando a si a multidão, com os seus discípulos.

Você já meditou na profundidade das palavras do Senhor Jesus Cristo neste mandamento? Considere as palavras do Senhor e responda a você mesmo, se já renunciou a tudo para seguir as pegadas de Cristo, para que a sua fé não seja vã, mas seja fortalecida pela obediência na palavra do Deus vivo e na esperança da vida eterna.

Negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Cristo: Estes são os princípios que verdadeiramente nos conduz a salvação, porque são mandamentos daquele que, tão somente Ele, tem poder para salvar, porque em nenhum outro há salvação.

Negue-se a si mesmo
Negar a si mesmo é ser desprovido de todo sentimento faccioso como a inveja, vaidade, ciúmes, avareza, soberba, concupiscência da carne, lascívia, ira, desejo de vingança, vícios e outros sentimentos abomináveis ao Senhor.

Negar a si mesmo é oferecer o outro lado da face, é perdoar e amar os vossos inimigos, bendizer os que vos maldizem, fazer bem aos que vos odeiam e orar pelos que vos maltratam e vos perseguem.  Ter a mesma humildade de Cristo, andar em santidade como Ele andou, guardando os seus mandamentos fazendo a vontade do Pai. Isso é negar a si mesmo.

O mancebo rico perguntou a Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna, o Senhor lhe disse que deveria guardar os mandamentos, ele respondeu a Jesus que já fazia isso desde a sua mocidade. A palavra afirma que Cristo o amou e disse-lhe: Falta-te uma coisa: vai, e vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me (Marcos 10.17-22).  Mas ele, contrariado com essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.

Aquele homem sentia o desejo de ver a glória de Deus e buscou a Jesus Cristo, o qual lhe tendo ensinado o caminho que leva a salvação e a renúncia que o seu desejo exigia, recusou-se em negar-se a si mesmo, em abandonar os bens desta vida, à esperança de um tesouro no céu, algo lhe infinitamente maior do que toda a riqueza deste mundo. Porque negar-se a si mesmo para seguir as pegadas de Jesus exige desapego, abdicação dos prazeres da carne para viver uma vida espiritual sob a égide do Senhor.

Então disse Jesus: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus.  Que importa ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?

Lamentavelmente, hoje, muitos estão no mesmo caminho daquele mancebo rico, procuram servir a Jesus com único interesse nas coisas deste mundo, querem viver na abundância dos prazeres da carne, em regalia esplêndida, mas não querem compromisso com Deus, não renunciam a si mesmo para servir o Senhor.

Abandonaram a graça do Senhor Jesus, pelas prosperidades materiais que são coisas pequenas, inúteis e vãs, diante da grandeza da glória do Senhor e da vida eterna no reino de Deus, juntamente com Jesus Cristo e todos os seus santos anjos.

Tome a sua cruz
Disse Jesus: Quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim (Mateus 10.38).

Tomar a sua cruz é assumir o compromisso definitivo com o Evangelho de Cristo, é o arrependimento, a conversão, o abandono do pecado, é entregar-se a inteira dispensação do Senhor, cumprimento os mandamentos de Cristo e fazendo a vontade do Pai.

Tomar a sua cruz é imitar o gesto do homem de Deus, o qual, sob o completo domínio de Cristo, disse: Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gálatas 2.20).

Tomar a sua cruz é amar a Deus acima de todas as coisas e ao seu próximo como Cristo nos amou, se necessário, dar a sua vida por ele.

A palavra do Senhor diz que se você não ama o seu irmão, o qual você vê, como poderá amar a Deus o qual não vê? Quem assim procede é mentiroso, e os mentirosos não herdarão o reino de Deus.

Tomar a sua cruz é entrar pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.

Disse Jesus: Assim, pois, qualquer de vós que não renunciar a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo (Lucas 14.33).

Como seguir a Jesus?
Seguir a Jesus é andar no mesmo caminho que Ele andou em toda a sua boa maneira de viver. Andar na humildade, na fé, na caridade, no amor ao próximo, na coragem de dar a sua vida pelo seu semelhante, na confiança que Deus era com Ele e não O abandonaria em nenhum momento da sua vida.

Na Carta do Apóstolo Paulo aos a palavra do Senhor diz: Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave (Efésios 5.1-2). E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

(Filipenses 2.5) Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois, Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. É exatamente assim que o servo de Deus deve andar, como verdadeiro imitador de Jesus Cristo em toda boa obra, seguindo o seu exemplo e testemunho de vida, procurando imitá-lo em sua perfeição. Isto é seguir a Jesus.

E, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor (Efésios 3.17 e 4.2).

Seguir a Jesus é ser participante das suas aflições, alegrar-se nas provas e tribulações como nos testemunhos dos nossos irmãos, que sofreram por amor ao nome do Senhor Jesus Cristo, porque tinha a certeza da glória que lhes estava reservada. Vejamos:

(II Coríntios 1.5) Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo.

(Colossenses 1.24) Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja.

(I Pedro 4.12-13) Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse. Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.

(I Pedro 5.1) Aos presbíteros que estão entre vós admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:

Seguir a Jesus é ouvir a sua voz e conhecê-lo: Disse Jesus: Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem (João 10.14 e 27).

Ao contrário do que imaginam aqueles que não conhecem a Deus, seguir a Jesus não é nenhum martírio, exige sim a renúncia das coisas mundanas, o que nos faz muito mais saudáveis tanto material como espiritualmente, antes é prazeroso e gratificante servir ao Deus vivo verdadeiramente em espírito e em verdade.

Pois, só que sentiu o ardume do Espírito Santo no coração, e o gozo de ser um servo de Deus, é capaz de entender a alegria que pronunciamos, pois essas virtudes são indescritíveis. Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar (I Coríntios 10.13).

(I João 5.3) Porque esta é a caridade de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.   Portanto amados em Cristo, não há razão para nos inquietarmos, o Senhor não nos dará uma prova acima daquilo que possamos suportar, porque o seu fardo é leve, o jugo suave e os seus mandamentos não são pesados.




Jairzinho Viana
Apologista cristão, Ministro, Líder fundador da Igreja Pentecostal da Anunciação (IPA) na Cidade de Parauapebas e Presidente da Mesa Diretora.

Contato para agendas:
redencaodasalmas@gmail.com


Referências:
Bíblia Sagrada (João Ferreira de Almeida);
Norbert Lieth;

https://www.facebook.com/pages/As-religiosas-tamb%C3%A9m-s%C3%A3o-gostosas/457586467642282