sábado, 12 de outubro de 2013

Glutonaria - O devorador insaciável.



Glutonarias!
Vivemos em um mundo de constantes mudanças e o que tinha importância no passado, parece não ser igual em nossos dias. Se tomarmos, por exemplo, a relação de pecados que nos deixou Paulo, iremos perceber que com relação à glutonaria, são poucos os pregadores que ousam pregar contra ela, pois em nossa cultura, costuma-se julgar tão somente como engraçado as pessoas que comem e bebem abundantemente sem nenhuma necessidade, quando na verdade, este pecado continua sendo hediondo! 

Glutonaria se encontra no fim da lista das operações da carne (G1 5.21), não tanto por causa da indisciplina, da falta de cuidado com o corpo, uma vez que o glutão cava seu túmulo com os dentes, mas porque substitui a adoração.

Assim como os manjares são para o estômago, e o estômago, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como outro, porque viemos do pó e para o pó voltará, mas o espírito é imortal, o qual, no grande e terrível dia do Senhor, prestará conta de todos os nossos atos, e cada um será julgado segundo as suas obras (I Coríntios 6.13).

Antes de iniciarmos o nosso estudo sobre Glutonaria vamos conhecer o significado dessa palavra nos dicionários da língua portuguesa:

a)      Glutonarias - S. f. 1. Qualidade de glutão; voracidade, edacidade, glutonia;
b)      Glutão - Adj. 1. Que come muito e com avidez; voraz, edaz;
c)      Avidez - S. f. 1. Desejo ardente, imoderado, veemente, de alguma coisa. 2. Ansiedade, sofreguidão. 3. Cobiça, ambição;
d)     Voraz - Adj. 2 g. 1. Que devora; edaz. 2.    V. glutão (1). 3. Fig.  Que subverte ou consome, corrói, destrói; destruidor, destrutivo. [Sin., nessas acepç.: devorante.]  4. Muito ávido; ambicioso.  

A palavra grega komoi, “glutonarias”, refere-se a uma busca desenfreada pelo prazer, seja em relação à comida ou a qualquer prazer. A palavra pode ser traduzida também por “orgias”. O termo tem uma história interessante. Komos era um grupo de amigos que acompanhavam o vencedor nos jogos depois de sua vitória. Dançavam, riam e cantavam suas canções. Também descreve os grupos de devotos de Baco, o deus do vinho. O termo significa rebeldia não refreada e desgovernada. É diversão que se degenera em licenciosidade.

Tipos de Gula
Antes de trabalhamos o conceito devemos fazer uma distinção entre os dois tipos de gula:
a)      A Gula Biológica – Que deriva de uma disfunção do organismo. Segundo a revista Veja (22/03/2000, pág. 114), 2% da população mundial sofre de doença chamada “transtorno do comer compulsivo”. As vítimas sofrem e fazem até cirurgia para reduzir o tamanho do estômago, recorrem a medicamentos e se submetem a tratamentos rigorosos, com o objetivo de diminuir o apetite e manter o corpo numa boa forma.
b)      A Gula Filosófica ou Espiritual – Esta é a pior, porque deriva de uma opção – “a opção pelo ventre” (Filipenses 3.19).

Portanto, o glutão é aquele que coloca o prazer de comer muito acima de qualquer outra coisa. Para o glutão, a vida só tem sentido nos banquetes e festas gastronômicas. Como existe o vício do fumo e da bebida alcoólica, a glutonaria é um vício diabólico de se alimentar descontroladamente! O glutão não come para viver, ele vive para comer! Ele tem a taxa de colesterol alterada, tem o fígado, o coração e o cérebro prejudicados, mas mesmo assim não abandona o vício do alimentar sem necessidade.
Na Roma antiga, os romanos eram glutões inveterados. Ficaram famosos na história, entre outras razões, pelos requintados e infindos banquetes, nos quais comiam até não mais aguentar e depois desta loucura, iam à janela mais próxima, colocavam para fora tudo o que havia sido ingerido e voltavam para a mesa. Para quê? Para comer novamente. Fato que podemos caracterizar até mesmo como Bulimia. 

O corpo humano e a Tricotomia.
O corpo foi formado do pó da terra, e é composto por 18 elementos encontrados no universo físico, estes elementos são a essenciais à vida do homem e estão distribuídos no ser do homem mais ou menos assim: 72% de oxigênio, 14% de carbono, 9% de hidrogênio, 5 % de nitrogênio e os restantes 3,5 % se compõem de pelo menos 15 elementos como cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro quantidade mínima de iodo, cobre, zinco etc. Segundo o texto de Romanos 6.6 o corpo é considerado como principal veículo do pecado, pecado este que é consumado por meio do corpo com a direção e supervisão da alma.

Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.  Porém a expressão aqui “corpo do pecado” não quer dizer que o corpo seja sede do pecado, ou que tenha sido feito com este propósito. O corpo do cristão, porém deve ser consagrado ao Senhor e não ao pecado. O corpo do crente é templo do Espírito Santo.

O idioma traz várias palavras para definir corpo, como segue:
a)      Gewya – Que vem do hebraico como a principal que é usada principalmente no sentido de cadáver, ainda que também se refira ao corpo humano e suas formas de expressão (Gênesis 47.18).
b)      Beten – Traduzida do hebraico por corpo. O corpo tem funções específicas e é através do corpo que o homem mantém contato com o mundo físico, sendo esta sua principal função (Deuteronômio 28.4).
c)      Somma - O novo testamento faz uso da palavra grega que se traduz corpo para se referir ao corpo humano.

O corpo foi criado por Deus como elemento essencial para a existência do homem. Através do corpo o homem se torna senhor de si mesmo e de todo mundo em que vive. Assim sendo o corpo é elemento essencial do existir, viver, conhecer, desejar, fazer e sem ele homem não seria capaz de alimentar-se, reproduzir-se, aprender, comunicar-se, trabalhar etc.

É mediante o corpo que o homem é um ser social e religioso e por meio do corpo será um dia julgado por seu criador.  (II Coríntios 5.10). O novo testamento no seu ensino Sobre a constituição humana apresenta uma distinção muito clara entre corpo, alma e espírito, como comprovam as referências (Mateus 10.28), (I Tessalonicenses 5.23), (Hebreus 4.12), (Tiago 2.26). 

Sobre o conjunto completo do que denominamos ser o “homem” podemos dizer que, sendo o homem:
a)      Espírito é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com Ele;
b)      Alma tem conhecimento de si mesmo;
c)      Corpo, tem conhecimento do mundo em que vive através dos sentidos.

Portanto é através do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material, através da alma entra em contato consigo mesmo como já disse e também com o mundo emocional metafísico ao seu redor, e com o espírito entra em contato com Deus e recebe em seu espírito o contato de Deus (Romanos 8.16).

Então podemos definir de modo rápido e eficiente que o corpo é aquela parte do homem que lhe dá consciência do mundo enquanto a alma que inclui o intelecto, emoções, sentidos é a sede da personalidade e é denominada a parte da autoconsciência. O espírito é aquela parte pela qual temos comunhão com Deus e somente pela qual podemos adorá-lo.



A gula é pecado?
(Filipenses 3.19) - Baseado neste texto, conclui-se, que a prática da glutonaria constitui-se em idolatria, pois a comida torna-se um Deus, isto é, a coisa mais importante para a pessoa. O verbo mais conjugado na vida do guloso é comer – o estômago é um Deus que precisa ser saciado.

O apóstolo Pedro associa glutonaria a idolatria (I Pedro 4.3). O apóstolo Paulo diz que a glutonaria é um comportamento mundano e desonesto (Romanos 13.12-13).

No Antigo Testamento, a glutonaria era algo tão sério, que associava a rebeldia, o glutão pagava com a própria vida por esse pecado (Deuteronômio 21.18-21).

Nenhum cristão está proibido de participar de festas onde há muita comida. O importante é não priorizar estas coisas em detrimentos do Reino (Provérbios 13.25).

Comer bem não significa comer exageradamente. É perfeitamente possível comer bem, aplicando-se a moderação. Os homens de Filipos, aos quais o apóstolo Paulo considerava como “inimigos da cruz de Cristo” (v.18), a única preocupação deles era com satisfação dos desejos carnais. O seu Deus é o estômago. São glutões.

A gula e o egoísmo.
O guloso se farta em suas orgias enquanto que milhares a sua volta estão morrendo de fome. O rico da parábola contada por Jesus era um glutão. Enquanto ele se banqueteava, Lázaro comia o que era jogado no lixo (Lucas 16.19-31).

Na Igreja os mais ricos, antecipavam as suas ceia, enquanto outros não tinham o que comer e passavam fome (I Coríntios 11.21).

O apóstolo Judas denuncia os falsos líderes que assim se comportam, pois comprometem a imagem da Igreja (Judas 1.12).

Observa-se, ainda hoje, que tal atitude está presente em muitas vidas. Não são poucos aqueles que comem além do necessário, desperdiçavam comida e fecham os olhos para as necessidades dos outros.

O egoísmo não é próprio daquele que caminha com Jesus. Aliás, o desafio é para que alimentemos inclusive os nossos inimigos – (Romanos 12.20).

A gula e os males físicos
Todos sabem dos grandes males que o cigarro é o álcool provoca no organismo, no entanto, não há a mesma preocupação com os males provocados pela falta de equilíbrio e controle alimentar.

O texto da revista Veja diz: “... o comer compulsivo não só dilata o estômago como provoca distúrbios cardiovasculares, eleva a taxa de colesterol e aumenta a propensão ao diabete”.

A Bíblia é clara em afirmar que o nosso corpo é tabernáculo do Espírito Santo (I Coríntios 6.19). O nosso corpo deve ser oferecido como sacrifício vivo santo e agradável a (Romanos 12.1). Na culinária do povo de Deus, havia a recomendação para não se ingerir gordura (Levítico 3.17).

A glutonaria faz mal a saúde, e a maior parte das coisas que Deus nos ensina ser pecado, são coisas que nos fazem mal. Agora acompanhando o raciocínio de que somos templo do Espírito Santo, se comemos exageradamente, estamos acabando com nossa saúde e destruindo o templo de Deus (Romanos 14.20).

Metáfora: Se o lugar onde Deus chamou de casa aqui na terra, fosse um prédio nos dias de hoje, todos lutariam para tornar esse prédio santo, isolariam a área, reformariam a todo tempo, evitariam todo tipo de corrosão ou falha no local.
Por que não fazemos isso conosco então? Existem coisas que podemos evitar, e devemos! Se não conseguimos cuidar do nosso corpo, como podemos nos chamar de templo do Espírito Santo?

Portanto, a glutonaria é pecado, pois atinge o corpo que é propriedade exclusiva de Deus.

A cura para a gula
O domínio próprio se aplica a tudo na vida. Evitar exagero e ultrapassar limites, são atitudes que revelam equilíbrio e bom senso, trazendo resultados benéficos para a caminhada neste mundo (Gálatas 5.16-18).

Isso se aplica a questão alimentar e é importante aprendermos duas:
a)      O desejo de comer - Não é, em si mesmo, um pecado. É uma função física normal de nossos corpos – contudo, quando este desejo está fora de controle, permitimos que a glutonaria entre em nossa vida (Provérbios 25.28);
b)      Comer bem - Não significa comer exageradamente. É perfeitamente possível comer bem, aplicando-se ao domínio próprio (Provérbios 16.32).

Conclusão
O Cristão precisa entender de que consiste o Reino de Deus (Romanos 14.17). Como se comportaria alguns cristãos gulosos diante do propósito que tomou o profeta Daniel em recusar a comida do rei, por uma questão de santificação (Daniel 1.8-18).

Jó, homem temente a Deus, sabedor que os seus filhos praticavam atos desagradáveis aos olhos do Senhor pelas festas, e muita comida e bebida, ao turno dos dias dos banquetes dos filhos, Jó se levantava de madrugada, e os santificava, oferecendo a Deus, holocaustos e sacrifícios segundo o número de cada um dos seus filhos (Jó 1.4-5). Porém, Jó possuía temor a Deus pelos seus filhos, pela abundância de seus pecados, no que acabou acontecendo aquilo que ele vislumbrava, então ocorrido a tragédia em torno de si, disse: (Jó 3.25).

Não podemos ser dominados pela vontade de comer, pelo desejo de encher a barriga pelo prazer de não ter lugar para mais nada. Porque podemos fazer tudo! Mas existem coisas que não devemos fazer, e não podemos ser dominados por essas coisas. (I Coríntios 6.12).

O Senhor Jesus recomenda (João 6.27).

A nossa oração diante deste pecado (Salmo 141.3-4).

3 comentários:

  1. OBRIGADA PELO ARTIGO ACRESCENTOU BASTANTE. MAS COM RELAÇÃO A ALGUMAS REF BÍBLICAS QUE VOCÊ USOU, RELACIONASTE A GLUTONARIA COM BEBEDICES?SÓ ISSO QUE ME CONFUNDIU UM POUCO, FUI ATRÁS DO SIGNIFICADO DA PALAVRA E NÃO VI LIGAÇÃO COM GULA OU GLUTONARIA. MAS AS OUTRAS REF QUE FORAM BEM MAIS CLARAS. OBG!A PAZ...

    ResponderEliminar