sábado, 12 de outubro de 2013

Peleja - O embate.

Pelejas (Discórdia)
Quando falamos sobre porfia, aprendemos que em nossa língua as palavras porfia; briga; peleja e luta, possuem um sentido praticamente igual, no entanto, quando verificamos o original grego, percebemos que a palavra para peleja é “eritheiai” que é mais corretamente traduzida para a língua portuguesa como discórdias (como está na tradução de Almeida Revista e Atualizada). A palavra discórdia tem o mesmo sentido que desavença, divergência, desarmonia e discordância de pensamentos.

Esta tradução nos fornece uma melhor definição e diferenciação com relação à porfia.
Considerando o fato de que no momento em que existe desarmonia e divergências de pensamentos dentro da igreja sempre haverá uma busca por primazia por parte de alguém, as discórdias são acompanhadas pela ambição de poder e formação de partidos dentro da congregação (III João 1.9-11). Aquele que busca a primazia, busca também atrair outros após si mesmo (seguidores) e está é uma das formas em que se manifesta o egoísmo e a soberba. De fato, no original grego o termo para discórdia dá sempre uma noção de luta pelo poder.

Não matarás, manda o Senhor no sexto dos Dez Mandamentos, e certamente sentimos tranquilidade perante o “espelho” da Palavra, até descobrirmos que “todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (I João 3.15). Jesus ensinou no Seu grande sermão que zangar-se com alguém e lançar insultos contra o próximo é tão sério quanto o homicídio (Mateus 5.21-26). Toda perda de humor, toda explosão de paixão descontrolada, todo impulso de raiva violenta, todo ressentimento amargo e sede de vingança: todas essas coisas são homicídio. Podemos matar através do diz-que-diz-que malicioso... podemos matar por desprezo e ciúme.

As discórdias podem surgir na vida de qualquer membro que se deixe levar por sua carne e ela pode aparecer até mesmo entre obreiros dos mais variados cargos e departamentos.

As discórdias na Bíblia:
Primeiramente precisamos saber que se estamos no mesmo corpo é por que possuímos o mesmo Espírito e isso significa que precisamos ter o mesmo parecer. Todos podem opinar, todos podem dar sugestões, mais isso é diferente de discórdia! Quando nos reunimos para decidir algo, poderemos encontrar ideias diferentes, mais quando as decisões são tomadas elas devem ser obedecidas (Romanos 12.16 e Marcos 9.33-35).

Porcos Espinhos:
No frio insuportável do inverno siberiano, os porcos-espinhos se ajuntam para se protegerem contra o frio horrível. Logo em seguida, afastam-se por causa dos espinhos que provocam dores, como alfinetes penetrando na pele. Daí, o frio os força a se ajuntarem de novo. O vai-e-vem ilustra a dramática dificuldade que a carne cria para a vida em comunidade.

Trabalhar com gente é a pior coisa que existe. Pessoas são melindrosas, são suscetíveis, são sensíveis e volúveis, magoam-se e sentem-se feridas e ofendidas por pouca coisa. Às vezes por nada. A igreja é uma organização. É um conjunto. A Bíblia fala em "corpo" (I Coríntios 12.12-27). Esse corpo deve ser comandado, dirigido, gerenciado, administrado por uma parte e deve trabalhar em harmonia. Em resumo: o corpo deve ter um comandante, cujas decisões devem ser aceitas, acatadas, obedecidas pelo conjunto.

Um corpo vivo tem suas partes coladas, grudadas, são parte integrante de um todo indivisível, mas os membros da igreja, não. Nasceram em separado, e de acordo com o amadurecimento espiritual, de acordo com a santificação, é que eles vão se tornando (ao longo do tempo) um só. E enquanto isto não ocorre, essas partes (cada membro individual) são ainda pedaços destacáveis, isto é, ainda "saem" de seus lugares como se fosse uma roda de carro com os parafusos frouxos.

A obra da carne se manifesta quando, por um motivo ou outro, um membro semeia discórdia por causa de algo que está acontecendo no Corpo. Talvez a aplicação do dinheiro, ou tratamento dispensado a determinado irmão, ou a forma como um culto foi dirigido, ou como um defende o Evangelho na sua forma de pregar, enfim, qualquer motivo importante ou não. Discordar é um direito que todos nós temos. Condenar é um direito que nenhum de nós tem.

O irmão que está insatisfeito com o desenrolar dos acontecimentos, sentindo-se injustiçado, começa a reclamar com um irmão e outro e se forma uma dissensão, uma falta de consenso sobre o assunto. Uns achando que deve ser feito assim, e outros achando que deve ser feito assado.

Cuidado quando alguém se aproximar de você com a célebre frase: “Não concordo com o que o pastor está fazendo!”, ou então: se eu fosse líder do louvor eu não faria assim. Geralmente estas pessoas estão envolvidas pela carne e buscam para si a atenção ou até mesmo o domínio sobre o Corpo (II Samuel 15.1-6).

Quando o pastor ou líder observa em uma igreja alguém lutando para atrair a atenção e questionando constantemente as decisões de outrem (que geralmente é um líder), esta pessoa está envolvida pela ambição de sua carne e na primeira oportunidade tentará “roubar os corações a seu favor”, o que poderá gerar um partidarismo, um levante, ou mesmo divisão. E se o pastor ou dirigente não tiver a sabedoria e o bom senso de administrar a discórdia, que já não é mais uma simples discórdia, mas um assunto no qual toda a igreja já está envolvida, a coisa vai evoluir até que se formem as facções ou partidos: os do contra, os a favor, os de consenso, e os sem-opinião-opinião-formada. Isto se não houver mais alguns grupos.

A falta de perdão, a falta de amor, a falta de humildade, então, faz com que um grupo decida sair da igreja, ir para outra, ou sair de vez da Igreja, ou (o mais grave) fundar um novo grupo religioso, que se diz cristão, ou evangélico, requerendo para si as bênçãos de Deus, e alardeando que a sua criação decorreu de uma expressa e direta revelação e vontade de Deus, que foi Deus quem dirigiu tudo.

A peleja é obra da carne e se nós somos guiados pelo Espírito de Deus, não devemos ter este hábito em nossa vida (II Timóteo 2.24).

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