quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Auto ajuda ou ensinos heréticos?



 Evangélicos queimam livros considerados heréticos 

 Queimar livros considerados heréticos ou perigosos é uma prática antiga. O Novo Testamento narra em Atos 19 que na cidade de Éfeso “muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos”.

Durante a Idade Média a prática da queima pública voltou a ser popular. Durante a Inquisição era um espetáculo popular concorrido. No período da Reforma em vários países a Igreja Católica queimou até Bíblias. Outros regimes totalitários aderiram a prática ao longo da História. É um símbolo forte de “limpeza”.

 Agora, a ideia está sendo revivida nas redes sociais, que não deixam de ser uma espécie de praça pública virtual. Há evangélicos que veem nisso uma forma de protesto. A página do Facebook “Reforma que Passa”, incentivou seus seguidores a queimar livros e divulgar as imagens.

Surgiram fotos de livros de autores nacionais e estrangeiros pegando fogo, geralmente acompanhado de algum comentário. Alguns preferem acrescentar hashtags como #FogoPuroNasHeresias, #QueimaJeová ou #CanseiDeSerHerege.

O Gospel Prime ouviu o responsável da página, que prefere não se identificar. Ele é membro de uma igreja protestante histórica e defende que é tudo uma “uma sátira, uma forma de protesto”.

Questionado sobre a motivação, explica: “alguns tens nos acusado de prática medievais… mas longe disso, o ato é voluntário. Apenas para chocar as pessoas que creem que esses livros são bíblicos, longe disso, em uma similaridade com Atos 19”.

 Para ele, o material que está sendo queimado, embora seja rotulado como evangélico, não representa “o verdadeiro cristianismo”. “Repudiamos esses livros, que podem sim ser comparados com “artes mágicas”, enfatiza.

Ao ser indagado se essa imagem do fogo não poderia ser mal interpretada, o Reforma que Passa é categórico “não estamos incentivando as pessoas a queimar os livros propriamente, mas sim deixar de ler tais práticas e voltar para o verdadeiro evangelho, é algo simbólico”.

 


Jairzinho Viana
Apologista cristão, Ministro, Líder fundador da Igreja Pentecostal da Anunciação (IPA) na Cidade de Parauapebas e Presidente da Mesa Diretora.

Contato para agendas:
redencaodasalmas@gmail.com


      



sábado, 11 de janeiro de 2014

A Renúncia e o Cristão - O mundo ou Cristo


Introdução
Em um mundo de grande ilusão, competição, estrelato, primeiros lugares, sexo, poder, riqueza e principalmente pelo fato de este mundo “jazer no maligno” (I João 5.19), surgem os demasiados apegos. Sendo eles por usos, costumes, tradições, falsos sentimentos, modismo, dentre outros.

Porém neste ambiente temos o cristão que como peregrino, busca diante de todas as aflições e provações andar, comportar, viver como a luz do mundo e o sal da terra (Mateus 5.13-14), sendo exemplo para que no grande dia seja recebido no Céu de glória eterna, mas para que isso seja possível, é preciso “renunciar” este mundo que já estar morto, dominado pelo maligno.

Significado de renúncia
A princípio, é recomendado trazer o significado desta palavra essencial para os cristãos:

O Novo Dicionário da Língua Portuguesa (traduzido do Latim):

·     Renuntiare - Abdicar do uso de um direito ou da posse legítima de qualquer coisa. Não querer. Desistir dodesejo, renegar. Afastar-se voluntariamente, abster-se; por de parte uma vantagem, sacrificar-se.

O Novo Testamento (traduzido do grego):

·  Anarnesástho – Imperativo do aoristo médio de Aparnéomai - Negar-se a si mesmo como um ato totalmente altruísta, abrir mão de sua personalidade (Mateus 16.24);

·      Apotássomai - Despedir-se, renunciar, abandonar (Lucas 14.33);
·   
    Arnesástho - Dizer não, negar (Lucas 9.23), conforme Chave Linguística do Novo Testamento Grego, Editora Vida Nova.

Tipos de renúncias
Observando o amplo significado, de acordo com o vernáculo, concluímos que a palavra renúncia, vai muito mais além que um simples vocábulo. Entende-se que a “renúncia” na vida de um cristão deve ser “progressiva”; isto é, todos os dias devemos praticá-la com ascendência. Jamais poderá ser apenas uma bandeira, ou uma nomenclatura. Deve fazer parte da vida cotidiana em todos os sentidos.

Conforme já exposto, seu sentido é despedir-se com a conotação de abandonar. Uma autonegação, abrindo mão até de sua personalidade. Jesus explica o paradoxo do discipulado como: “Perder a vida é encontrá-la; morrer é viver”. Renunciar a si mesmo é não assumir certo ascetismo falso, externo, mas colocar os interesses do Reino em primeiro lugar na vida de uma pessoa. “Tomar a cruz” não significa apenas suportar algum fardo irritante, mas renunciar as ambições centradas em si mesmo. Tal sacrifício resulta na vida eterna e na experiência mais repleta de vida no reino e agora (Marcos 10.29-30).

Vejamos abreviadamente alguns tipos de renúncias que um Cristão verdadeiro tem por obrigação de fazer:

A Renúncia do Ego - (Lucas 9.23; Mateus 13.22) Esse tipo de renúncia dói um pouco. É Abdicar do impulso natural do homem caído, que costumeiramente quer sempre se sobrepor aos demais. Esse comportamento às vezes fica escondido nos porões da alma humana, e com muita tristeza, no coração de muitos que se dizem cristãos.

A Renúncia da Carne - (I João 2.15-17) A carne é nossa maior inimiga. Paulo faz uma linda exegese da guerra entre as duas naturezas no Capítulo sete de Aos Romanos. É propício citar os imperativos que o mesmo Apóstolo Paulo delineia em Colossenses 3.1-13: 1º Buscai (v.1), 2º Pensai (v.2), 3º Mortificai (v.5), 4º Despojai-vos (v.8). 5º Revesti-vos (v.12) 6º Suportai-vos e 7º Perdoai-vos (v.13). É uma renúncia cotidiana.


A Renúncia do Ódio - (I João 2.5,9) Não faz parte da ética alimentar ódio entre os outros, muito menos entre cristãos que dizem crer no mesmo Jesus. Para um parco vislumbre tal atitude é natural a pessoas individualistas. Entrementes, na vida cristã, o amor deve fazer a diferença entre nós e as trevas (Mateus 5.16). Jamais um cristão deve alimentar dentro de si o ódio, essa palavra deve ser tragada pela renúncia.


A Renúncia da Contenda - (I Coríntios 3.3) Lamentavelmente, é o que mais encontramos entre os cristãos. Se fosse entre os ímpios, até que se poderia ponderar, afinal são ímpios. Paulo faz reclamos desta maligna atitude na Igreja de Corinto. Estamos em meio a diversas contendas, daí o aumento de denominações com os nomes mais estrambólicos que se possa imaginar. Essas novas denominações e outras atitudes, até de crentes que querem fazer de suas casas igrejas, na grande maioria tem o seu nascedouro na contenda. Para o cristão verdadeiro a renúncia da contenda é uma meta cotidiana.


A Renúncia do Desamor - (Mateus 24.12) E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. O que dizer de novas igrejas ou novos ministérios que deixam de ensinar sobre o amor e incitam o “desamor” nos novos convertidos? Em vez de promover a comunhão, instigam o combate, a disputa e a contenda. Esses pretensos doutos lamentavelmente prestam um desserviço a causa santa, criando partidarismo, individualismo com perícia em acusações.

Para ser cristão é necessário amar, mesmo aqueles que não comungam com os pensamentos que achamos certos e santos. A crítica construtiva estimula o raciocínio, mas a crítica sarcástica suscita a ira. Sejamos embebidos das Palavras de nosso Mestre: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós ameis uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13.34-35).

A Renúncia da Competição - (Gálatas 5.20) Estamos vivendo no mundo das competições. Essa é uma doença dos séculos e mais acentuada nos tempos hodiernos. Tiago destaca esse comportamento como a sabedoria deste mundo: “Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é animal, terrena e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso, ai há perturbação e toda obra perversa” (Tiago 3.14-16). O Apóstolo Paulo demonstra a santificação de nossos relacionamentos aos Filipenses: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Filipenses 2.3).

A Renúncia do Orgulho - (Provérbios 8.13; 16.18; Isaías 9.9; Marcos 7.20-22) O orgulhoso traz consigo a egolatria da satisfação e vaidade. É um sentimento elevado que uma pessoa faz de si. Excesso de orgulho. Para entender bem o orgulho, basta estudar a natureza de Satanás. Suas prerrogativas são sempre de altivez. Veja a alegoria de como surgiu Satanás (Ezequiel 28.14-17). “Em Isaias 14 vemos os passos de um orgulhoso e altivo: 1º Eu subirei ao céu (v13), 2º Acima das estrelas, 3º Exaltarei o meu trono 4º Me assentarei, 5º Subirei...”. Foi exatamente por causa do orgulho que surgiu o diabo. Hoje, com muita tristeza assistimos “supostos irmãos”, que fazem questão de exibir o orgulho religioso, como se sua denominação ou grupo iniciante fossem os únicos verdadeiros, deixando transparecer o seu nítido descaso aos demais irmãos. Alguns se esquecem de pensar que antes deles a Igreja já existia. Portanto, a renúncia do orgulho cabe muito bem a estes.

A Renúncia da Inveja - (Gálatas 5.21). Podemos descrever a inveja como sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem, ou o desejo de possuir aquilo que os outros possuem. No grego: “Fthónos” (inveja) traz a conotação do desejo de se apropriar do que outras pessoas possuem, ou o desejo de privar o outro do que ele tem. A inveja tem causado muitos problemas a famílias, empresas, igrejas etc. Nem todos extravasam em alegria quanto um parente ou um “amigo” prospera. Por incrível que pareça alguns sentem inveja até da maneira que Deus usa certas pessoas. Enquanto não encontrar alguma coisa para intimidá-lo não sossega. Isso não deveria existir entre os cristãos.

Renúncia da Inimizade - (Gálatas 5.20). O Cristianismo é tão belo e salutar! Os cristãos Deveriam promover amizades perfeitas e duradouras, afinal temos muitas coisas em comum: A Bíblia Sagrada, Jesus, O Espírito Santo, a Igreja, o céu, os dons e tantas ferramentas espirituais maravilhosas, que deveríamos viver um paraíso, um céu na terra através da koinonia (comunhão, traduzido do grego). Mas para ponderar sobre isto, cito o Apóstolo Paulo: “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabais agora pela carne? (Gálatas 3.3).

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro Evangelho” (Gálatas 1.6). Na maioria dos casos esses que promovem a inimizades deixaram uma raiz de amargura crescer dentro de seus corações e brotar a revolta dentre de si. Como fruto dessas reminiscências gera a confusão. Mas há uma solução: renúncia é a palavra de ordem para que as coisas regressem a normalidade espiritual.

A Renúncia da maledicência - (Tiago 3.1-12) Esse tipo de renúncia não é fácil, pois através das palavras ditas, podemos tropeçar. Tiago faz a comparação do freio que se coloca na boca dos cavalos. “A língua é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza e é inflamada pelo inferno” (v.6). Tem muita gente tropeçando com acusações constantes a outros irmãos, só porque se acham mais santos ou os únicos certos. A Renúncia da maledicência é pertinente a estes.

Maledicência é o ato de falar mal das pessoas.  Definição bem amena para um dos maiores flagelos da Humanidade. Mais terrível do que uma agressão física.  Muito mais do que o corpo, fere a dignidade humana, conspurca reputações, destrói existências. Mais insidiosa do que uma epidemia, na forma de boato - eu "ouvi dizer" - alastra-se como rastilho de pólvora.  Mera visão pirotécnica em princípio: "Ele paga suas contas com atraso" ou "Ela sai muito de casa". Depois, explosiva: "Ele é um ladrão!  " ou "Ela está traindo o marido!"

Arma perigosa, está ao alcance de qualquer pessoa, em qualquer idade, e é muito fácil usá-la: basta ter um pouco de maldade no coração. Tribunal corrupto, nele o réu está, invariavelmente, ausente.  É acusado, julgado e condenado, sem direito de defesa, sem contestação, sem misericórdia. Tão devastadora e, no entanto, não implica nenhum compromisso para quem a emprega.  Jamais encontraremos o autor de um boato maldoso, de uma "fofoca” comprometedora. O maledicente sempre "vende" o que "comprou".

Diante dos fatos, encontramos as influências da Fala - Segundo a Palavra de Deus, a língua é como o leme de um navio (Tiago 3.4), tem poder para governar. É como uma pequena fagulha, tem poder de destruição. (Tiago 3.5). É como um membro venenoso, tem poder de contaminação (Tiago 3.8). É como um chicote, tem poder de tortura emocional (Jó 5.21). Tem o poder de uma pena de escrever, marca o coração (Salmos 45.1). É como uma navalha afiada, tem poder para cortar relações. É como uma espada afiada, uma arma de guerra à curta distância (Salmos 57.4). É como uma flecha, uma arma de guerra à longa distância (Jeremias 9.8).

Assim, conseguimos identificar certos tipos e infelizmente muitos crentes, que agora definiremos como pessoas com a língua enferma, vejamos os tais:

Os escarnecedores - (Provérbios 13.1; Judas 1.17-19) São aqueles que além de individualistas, são também cegos;

Os difamadores - (Provérbios 16.28; Salmos 101.5; Salmos 15.1-3) São aqueles que possuem uma doença crônica aliada à inveja;

Os cochichadores - (Salmos 41.7) O mesmo que murmurador; aquele que gosta de falar coisas más em voz baixa, o mexeriqueiro e bisbilhoteiro;

Os Intrometido e os Futriqueiros - (I Pedro 4.15) Pessoas impertinentes, que gostam de irritar com suas línguas ferinas. Esses, precisam com urgência exercer a santificação de suas línguas.

Orientação de Jesus Cristo
“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus 16.24).

Antes de desenvolver o tema deste verso, comentemos os seus termos:

·         Se alguém – O dever imposto é para todos os que desejam se unir aos seguidores de Cristo e alistar sob a Sua bandeira. “Se alguém quer”: o grego é muito enfático, significando não somente o consentimento da vontade, mas o pleno propósito de coração, uma resolução determinada;

·         Vir após mim - Como um servo sujeito ao seu Mestre, um estudante ao seu Professor, um soldado ao seu Capitão;

·         Negue – O grego significa “negar totalmente;

·         Negar a si mesmo - Sua natureza pecaminosa e corrompida;

·         E tome - Não passivamente sofra ou suporte, mas assuma voluntariamente, adote ativamente;

·         Sua cruz - Que é desprezada pelo mundo, odiada pela carne, mas que é a marca distintiva de um cristão verdadeiro;

·         E siga-me - Viva como Cristo viveu para a glória de Deus.

O contexto imediato é mais solene e impressionante. O Senhor Jesus tinha acabado de anunciar aos Seus apóstolos, pela primeira vez, a aproximação de Sua morte de humilhação (v. 21). Pedro se assustou, e disse, “Tem compaixão de Ti, Senhor” (v. 22). Isto expressou a política da mente carnal.

O caminho do mundo é a procura para si mesmo e a defesa de si mesmo. “Tenha compaixão de ti” é a soma de sua filosofia. Mas a doutrina de Cristo não é “salva a ti mesmo”, mas sacrifica a ti mesmo.

Cristo discerniu no conselho de Pedro uma tentação de Satanás (v. 23), e imediatamente a rejeitou. Então, voltando-se para Pedro, disse: Não somente “deve” o Cristo subir à Jerusalém e morrer, mas todo aquele que desejar ser um seguidor dEle, deve tomar sua cruz (v. 24). O “deve” é tão imperativo num caso como no outro. Como Mediadora, a cruz de Cristo permanece sozinha; mas de forma experimental, ela é compartilhada por todos que entram na vida.

O que é um cristão?
Alguém que sustenta membresia em alguma igreja terrena? Não. Alguém que crê num credo ortodoxo? Não. Alguém que adota um certo modo de conduta? Não. O que, então, é um cristão?

Ele é alguém que renunciou a si mesmo, recebeu a Cristo Jesus como Senhor e anda nEle (Colossenses 2.6). Ele é alguém que toma o jugo de Cristo sobre si e aprende dEle que é “manso e humilde de coração”. Ele é alguém que foi “chamado à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1.9): comunhão em Sua obediência e sofrimento agora, em Sua recompensa e glória no futuro sem fim.

Não há tal coisa como pertencer a Cristo e viver para agradar a si mesmo. Não cometa engano neste ponto, “E qualquer que não tomar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.27), disse Cristo. E novamente Ele declarou, “Mas aquele (ao invés de negar a si mesmo) que me negar diante dos homens (não “para” os homens: é conduta, o caminhar, que está aqui em vista), também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 10.33).

A vida cristã começa com um ato de auto renúncia, e é continuada pela auto mortificação (Romanos 8.13). A primeira pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o apreendeu, foi, “Senhor, que queres que eu faça?”. A vida cristã é comparada com uma “corrida”, e o corredor é chamado para “deixar todo embaraço e o pecado que tão de perto nos assedia” (Hebreus 12.1), cujo “pecado” é o amor por si mesmo, o desejo e a determinação de ter o nosso “próprio caminho” (Isaías 53.6).

O grande alvo, fim e tarefa posta diante do Cristão é seguir a Cristo, seguir o exemplo que Ele nos deixou (1 Pedro 2.21), e Ele “não agradou a si mesmo” (Romanos 15.3). E há dificuldades no caminho, obstáculos na estrada, dos quais o principal é o eu. Portanto, este deve ser “negado”. Este é o primeiro passo para se “seguir” a Cristo.

Qual significado para um homem negar a si mesmo?
Primeiro, isto significa a completa repudiação de sua própria bondade. Significa cessar de descansar sobre quaisquer obras nossas, para nos recomendar a Deus. Significa uma aceitação sem reservas do veredito de Deus que “todas as nossas justiças (nossas melhores performances), são como trapo da imundícia” (Isaías 64.6). Foi neste ponto que Israel falhou: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” (Romanos 10.3). Agora, contraste com a declaração de Paulo: “E seja achado nEle, não tendo justiça própria” (Filipenses 3.9).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria sabedoria. Ninguém pode entrar no reino dos céus, a menos que tenha se tornado “como criança” (Mateus 18.3). “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!” (Isaías 5.21). “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1.22).

Quando o Espírito Santo aplica o Evangelho em poder numa alma, é para “destruir os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (II Coríntios 10.5). 

Um modo sábio para o todo cristão adotar é “não te estribes no teu próprio entendimento” (Provérbios 3.5).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria força. É “não confiar na carne” (Filipenses 3.3). É o coração se curvando à declaração positiva de Cristo: “Sem mim, nada podeis fazer” (João 15.5). Este é o ponto no qual Pedro falhou: (Mateus 26.33). “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Provérbios 16.18). Quão necessário é, então, que prestemos atenção à (I Coríntios 10.12) “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”! O segredo da força espiritual reside em reconhecer nossa fraqueza pessoal: (veja Isaías 40.29). Então, “fortifiquemo-nos na graça que há em Cristo Jesus” (II Timóteo 2.1).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria vontade. A linguagem do não-salvo é, “Não queremos que este Homem reine sobre nós” (Lucas 19.14). A atitude do cristão é, “Para mim, o viver é Cristo” (Filipenses 1.21), honrá-Lo, agradá-Lo, servi-Lo. Renunciar sua própria vontade significa atender à exortação de Filipenses 2.5, “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, o qual é definido nos versos que imediatamente seguem como de abnegação. É o reconhecimento prático de que “não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por bom preço” (I Coríntios 6.19-20). É dizer com Cristo, “Não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Marcos 14.36).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente suas luxúrias ou desejos carnais. “O ego do homem é um feixe de ídolos” (Thomas Manton, Puritano), e estes ídolos devem ser repudiados. Os não-cristãos são “amantes de si mesmos” (II Timóteo 3.2); mas aquele que foi regenerado pelo Espírito diz com Jó, “Eis que sou vil” (40.4), “Eu me abomino” (42.6). Dos não-cristãos está escrito, “todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2.21); mas dos santos de Deus está registrado, “eles não amaram a sua vida até à morte” (Apocalipse 12.11). 

A graça de Deus está “ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tito 2.12).

Esta negação do ego que Cristo requer de todos os Seus seguidores deve ser universal. Não há nenhuma reserva, nenhuma exceção feita: “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Romanos 13.14). Deve ser constante, não ocasional: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9.23). Deve ser espontânea, não forçada, realizada com satisfação, não relutantemente: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3.23). Ó, quão impiamente o padrão que Deus colocou diante de nós tem sido rebaixado! Como isso condena a vida acomodada, agradável à carne e mundana de tantos que professam (mas, de maneira vã) que eles são “cristãos”!

“E tome a sua cruz”. Isto se refere não à cruz como um objeto de fé, mas como uma experiência na alma. Os benefícios legais do Calvário são recebidos através do crer, quando a culpa do pecado é cancelada, mas as virtudes experimentais da Cruz de Cristo são somente desfrutadas à medida que somos, de um modo prático, “conformados com a Sua morte” (Filipenses 3.10). É somente à medida que realmente aplicamos a cruz às nossas vidas diárias, regulamos nossa conduta pelos seus princípios, que ela se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita em nós. Não pode haver ressurreição onde não há morte, e não pode haver andar prático “em novidade de vida” até que “carreguemos no corpo o morrer do Senhor Jesus” (II Coríntios 4.10). A “cruz” é o sinal, a evidência, do discipulado cristão. É sua “cruz”, e não o seu credo, que distingue um verdadeiro seguidor de Cristo do mundano religioso.

Agora, no Novo Testamento a “cruz” tem o significado de realidades definidas. Primeiro, ela expressa o ódio do mundo. O Filho de Deus veio aqui não para julgar, mas para salvar; não para punir, mas para redimir. Ele veio aqui “cheio de graça e verdade”. Ele sempre esteve à disposição dos outros (Mateus 20.28): ministrando aos necessitados, alimentando os famintos, curando os enfermos, libertando os possessos pelo demônio, ressuscitando os mortos. Ele era cheio de compaixão: gentil como um cordeiro; inteiramente sem pecado. Ele trouxe com Ele felizes notícias de grande alegria. Ele procurou os perdidos, pregou aos pobres, todavia, não desdenhou dos ricos; Ele perdoou pecadores.

E, como Ele foi recebido? Que tipo de recepção os homens Lhe deram? Eles O “desprezaram e rejeitaram” (Isaías 53.3). Ele declarou, “Eles Me odeiam sem uma causa” (João 15.25). Eles tiveram sede de Seu sangue. Nenhuma morte ordinária os apaziguaria. Eles demandaram que Ele deveria ser crucificado. A Cruz, então, foi a manifestação do ódio inveterado do mundo pelo Cristo de Deus.

O mundo não mudou, não mais do que o etíope pode mudar sua pele ou o leopardo suas manchas. O mundo e Cristo ainda estão em aberto antagonismo. Por conseguinte, está escrito: “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4.4). É impossível andar com Cristo e comungar com Ele, até que tenhamos nos separado do mundo (Romanos 8.1). Andar com Cristo necessariamente envolve compartilhar Sua humilhação: “Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hebreus 13.13). Isto foi o que Moisés fez (Hebreus 11.24-26).

Quanto mais próximo eu andar de Cristo, mais eu serei mal-entendido (I João 3.2), ridicularizado (Jó 12.4) e detestado pelo mundo (João 15.19). Não cometa engano aqui: é extremamente impossível continuar com o mundo e ter comunhão com o Santo Cristo. Portanto, “tomar” minha “cruz” significa, que eu deliberadamente convido a inimizade do mundo através da minha recusa em ser “conformado” a ele (Romanos 12.2). Mas, o que importa o olhar carrancudo do mundo, se estou desfrutando os sorrisos do Salvador?

Tomar minha “cruz” significa uma vida voluntariamente rendida a Deus. Como o ato dos homens ímpios, a morte de Cristo foi um assassinato; mas como o ato do próprio Cristo, foi um sacrifício voluntário, oferecendo a Si mesmo a Deus. Foi também um ato de obediência a Deus. Em João 10.17-18 Ele disse, “Ninguém a [Sua vida] tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou”. E por que Ele o fez? Suas próximas palavras nos dizem: “Este mandato recebi de meu Pai”.

A cruz foi a suprema demonstração da obediência de Cristo. Nesta Ele foi o nosso Exemplo. Uma vez mais citamos Filipenses 2.5: “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”.
E nos versos seguintes nós vemos o Amado do Pai tomando a forma de um Servo, e tornando-Se “obediente até a morte, e morte de cruz”.

Agora, a obediência de Cristo deve ser a obediência do cristão — voluntária, alegre, sem reservas, contínua. Se esta obediência envolve vergonha e sofrimento, acusação e perda, não devemos nos acovardar, mas pôr o nosso rosto “como um seixo” (Isaías 50.7). A cruz é mais do que o objeto da fé do cristão, ela é o sinal de discipulado, o princípio pelo qual sua vida deve ser regulada. A “cruz” significa rendição e dedicação a Deus: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12.1).

A “cruz” significa serviço vicário e sofrimento. Cristo deu a Sua vida pelos outros, e Seus seguidores são chamados a estarem dispostos para fazerem o mesmo: “Devemos dar nossa vida pelos irmãos” (I João 3.16). Esta é a lógica inevitável do Calvário. Somos chamados para seguir o exemplo de Cristo, para a companhia de Seus sofrimentos, e para ser participantes em Seu serviço. Assim como Cristo “a si mesmo se esvaziou” (Filipenses 2.7), assim devemos fazer. Assim como Ele “veio para servir, e não para ser servido” (Mateus 20.28), assim devemos ser. Assim como Ele “não agradou a si mesmo” (Romanos 15.3), assim devemos fazer. Assim como Ele lembrou dos outros, assim devemos lembrar: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados” (Hebreus 13.3).

“Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 16.25). Palavras quase idênticas a estas são encontradas novamente em Mateus 10.39. Marcos 8.35, Lucas 9.24; 17.33, João 12.25. Certamente, tal repetição mostra a profunda importância de notar e prestar atenção a este dito de Cristo. Ele morreu para que nós pudéssemos viver (João 12.24), e assim devemos fazer (João 12.25). Como Paulo, devemos ser capazes de dizer “Em nada tenho a minha vida por preciosa” (Atos 20.24). A “vida” que é vivida para a gratificação do ego neste mundo, está “perdida” para eternidade; a vida que é sacrificada para os interesses próprios e rendida a Cristo, será “achada” novamente, e preservada durante toda a eternidade.

Um jovem universitário graduado, com prospectos brilhantes, respondeu ao chamado de Cristo para uma vida de serviço a Ele na Índia, entre a casta mais baixa dos nativos. Seus amigos exclamaram: “Que tragédia! Uma vida lançada fora!” Sim, “perdida”, até onde diz respeito a este mundo, mas “achada” novamente no mundo porvir!

 “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavra ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consiste em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos, não porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória” (I Coríntios 2.1-7).




Jairzinho Viana
Apologista cristão, Ministro, Líder fundador da Igreja Pentecostal da Anunciação (IPA) na Cidade de Parauapebas e Presidente da Mesa Diretora.

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Referências:
A Cruz e o Ego - Arthur W. Pink
Tipos de renúncia - Pr. Elias Croce