sábado, 12 de outubro de 2013

Obras da carne - Coisas semelhantes a estas.

Obras da carne - Coisas semelhantes a estas!
O pecado exerce uma força encantadora sobre a natureza humana. “…e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal”. (Gênesis 3.5). Há muito tempo, a proposta de falsa independência humana nos foi apresentada.

O pecado nos aprisiona, mas Cristo veio para nos libertar! Somos inclinados ao mal, somos levados a realizar o mal que não queremos (Romanos 7.18-20). A Bíblia chama a nossa natureza pecaminosa de Carne. Entretanto, em momento algum, a Bíblia enfatiza que o nosso corpo é mal. Pelo contrário, o corpo humano é criação de Deus.

A Carne, é a natureza humana dominada pelo pecado e alienada de Deus! Com isso, o ser humano se opõe a Deus e se emaranha no pecado, à medida em que se entrega às obras (desejos) da Carne. Isso torna-se um verdadeiro ciclo vicioso: sou pecador e peco.

Para Paulo, a Carne, essa inclinação para o mal e alienação de Deus, não se manifesta apenas na sensualidade, mas, pelo contrário, numa rebeldia religiosa na forma de justiça própria, ou seja, a confiança em si mesmo, como tendo a capacidade de procurar a vida através das forças e realizações próprias (Romanos 7.5). Em outras palavras, a Carne é a grave tendência que o ser humano possui de querer ser independente de Deus, sendo “dono de seu próprio nariz”, tomando decisões com base em seu entendimento.

Em Gálatas 5.16-17, Paulo explica aos cristãos gálatas que há uma tensão, um conflito interno. A Carne daqueles que entregaram suas vidas a Cristo não está completamente transformada sob a influência do Espírito – isso se dará na ressurreição – mas, enquanto aguarda essa reviravolta total, o ser humano continua ainda dividido.

No corpo parcialmente renovado, a Carne continua sendo uma força que leva ao pecado. O Espírito que é uma Pessoa e também possui uma força, age em nossas vidas para levar-nos a realizar o bem, mas não de modo irresistível. Duas forças continuam opondo-se: “Pois a Carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito o que é contrário à Carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.” (Gálatas 5.17).

De acordo com o apóstolo Paulo, em Gálatas 5.19-21, as obras da Carne são manifestas, ou seja, são realizadas, são feitas, são visíveis; em contraposição ao fruto do Espírito que simplesmente nasce.

Em toda a Bíblia, a partir de Gênesis 3.15, percebemos uma tensão existente entre os que pertencem a Deus e os que estão dominados pelo pecado. Durante toda a narrativa do livro do Gênesis, observamos que aqueles que são dominados pelo pecado, permanecem na busca por realização, em tornarem-se famosos e conhecidos por toda terra, sendo o centro do universo (veja Gênesis 4.17-24), enquanto aqueles que seguem a Deus, são caracterizados pelo simples fato de Deus ser o centro de suas existências. Não há nada de mais importante a dizer sobre eles, simplesmente o fato de que Deus estava com eles, fazendo parte de suas histórias!

A lista das obras da Carne, apresentada por Paulo, nada mais é do que um retrato, uma fotografia nítida 10×15 da natureza humana: Desde o início, na queda humana, foi constatado a nossa total depravação (Gênesis 6.5). Da nossa herança cristã reformada*, que afirma que Deus opera a salvação na vida do ser humano conforme a Sua livre e soberana vontade, e que o ser humano está completamente morto diante de Deus como nos ensina (Efésios 2.1) temos a compreensão da total depravação do ser humano: “O pecador está morto, cego e surdo para as coisas de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Sua vontade não é livre, pois está escravizada à sua natureza má; por isso ele não irá – e não poderá jamais – escolher o bem e não o mal em assuntos espirituais”.

Das obras da Carne apresentadas por Paulo, podemos entender que elas são manifestadas nas seguintes áreas de nossa existência:

Sexual – Imoralidade sexual, impureza e libertinagem (Gálatas 5.19). Paulo emprega três termos gregos: pornéia, akatharsia e aselgéia. Esses termos, designam pecados sexuais, caracterizados pelo fato das pessoas que os praticavam, não possuírem a compreensão da beleza da sexualidade, tratando-a como mercadoria e objeto. A expressão de uma sexualidade sadia, como resultado da imagem de Deus na vida do ser humano (Gênesis 2.25), levando marido e esposa a desfrutarem-se mutuamente, é adulterada e transformada em algo momentâneo e egoísta, compartilhado com muitos parceiros, mas nenhum cônjuge para compartilhar toda a vida.

Religiosa – Idolatria e feitiçaria (Gálatas 5.20). O aspecto religioso é citado por Paulo, em dois termos gregos: eidololatria e pharmakéia. O primeiro, trata do aspecto da idolatria – colocar outro que não é Deus, no lugar de Deus, rendendo-lhe adoração e devoção. O segundo termo, trata do uso de remédios ou drogas para propósitos mágicos, feitiçaria. Esses dois termos designam obras da carne, pois falam da tentativa humana em viver uma vida sem a existência e a presença de Deus.

Relacional – Ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja (Gálatas 5.20-21). O aspecto relacional é pautado pela falta de amor. Ódio (echthra), como hostilidade contra Deus e contra o ser humano; Discórdia (eris), como a posição da pessoa que sempre é a correta, enquanto as demais estão erradas; Ciúmes (zelos), como inveja ou não contentamento pelo bem do outro; Ira (thumoi), como uma tremenda explosão de raiva; Egoísmo (erithéia), como ambição egoísta, realizar coisas com a intenção de beneficiar-se; Dissensões (dichostasiai), como algo contrário ao desejo de união e comunhão; Facções (aireseis), como resultado das dissensões, o desejo de criar seu próprio grupo; Inveja (phthonói), como malícia e má vontade. Observe que esses aspectos das obras da carne, afetam consideravelmente os relacionamentos.

Pessoal – Embriaguez, orgias e coisas semelhantes (Gálatas 5.21). A última área apresentada por Paulo aos gálatas, para falar-lhes da ação da carne na vida humana, refere-se ao lado pessoal de cada um. Para tanto, Paulo utiliza-se de dois termos gregos (methai e kumos), como correlatos, ou seja, duas palavras que exprimem a mesma ideia: a falta de domínio próprio. Essas duas palavras, remetem às festas da carne que aconteciam em todo império, chamadas Bacanais, onde o ser humano era convidado a experimentar todas as sensações possíveis (sexuais, bebedices, glutonarias), sem o mínimo de domínio próprio. A ordem das Bacanais era aproveitar a vida ao máximo, sem qualquer pudor.

O termo “coisas semelhantes” nos indica que essa lista não é uma lista completa, fechada, mas uma lista representativa, que nos aponta a direção da força da carne na vida do ser humano. Em resumo, as obras da carne, refletem o desespero humano em viver totalmente distante de Deus. Elas são um reflexo do pecado, como uma afronta à santidade de Deus.

Devido à queda, o homem é incapaz de, por si mesmo, crer de modo salvador no Evangelho. O pecador está morto, cego e surdo para as coisas de Deus. Por isso, é preciso mais do que simples auxílio do Espírito para se trazer um pecador a Cristo. É preciso a regeneração, pela qual o Espírito vivifica o pecador e lhe dá uma nova vida.

As consequências
O julgamento para os que vivem na carne (Gálatas 5.21c). Paulo não está falando de um ato pecaminoso, mas sim do hábito de pecar. Aqueles que praticam o pecado não herdarão o Reino de Deus. Aqueles que vivem na prática do pecado e não se deleitam na santidade nem mesmo encontrariam ambiente no céu.

A carne ela é transitória, fraca, e possui inclinação ao pecado. É sua natureza. Assim como a natureza do cachorro é alimentar-se ou ter preferência por carnes, a natureza da nossa carne é alimentar-se do pecado que gera esfriamento espiritual.

Esse esfriamento espiritual nos conduz a lermos menos a Palavra de Deus e a não O buscarmos em oração. Então, costumamos dizer: “Estou cansado de falar com Deus”. Ainda que tenhamos iniciado um processo de dias de oração e propósito, muitos de nós nos cansamos e afadigamos. Consequência da nossa carnalidade.

Não existem castigos nem recompensa, tudo o que existe são consequências. Certo membro de uma determinada igreja, filho de um pastor, envolveu-se com as coisas do mundo e abandonou o Senhor. Fazia 15 dias que o seu filhinho havia nascido, e, não sabe se na intenção de comemorar o nascimento da criança, ele acabou fazendo uma escolha que lhe custou caro, muito caro. Esse moço saiu com os amigos e foi a um “pesque e pague”. Ali todos beberam muito, perderam a noção do perigo, e esse jovem pai pulou na água e quebrou a quarta vértebra. O diagnóstico dos médicos foi triste: eles disseram que ele ficaria tetraplégico. Uma escolha que lhe custou a perda dos movimentos.
E nessas horas surgem aqueles que abrem a boca para dizer bobagens, mentiras, e uma delas é a de que a pessoa que passa por uma situação dessas está sendo castigada. Não, não há castigo algum, há o resultado de uma escolha. E a escolha de uma única pessoa pode afetar a família, pode afetar toda uma geração.

Uma coisa é certa, não fora Deus quem tornou o membro da igreja tetraplégico. Deus é bom. Deus é só amor. Nunca atribua a Deus maldade alguma. A grande dificuldade que enfrentamos em nossas vidas, muitas vezes, surge no momento quando deixamos o Senhor, quando saímos da sua cobertura e ficamos sujeitos aos estragos feitos por satanás. Deus é bom e tem o melhor para nossas vidas, sempre. O caminho do Senhor é um caminho de bênçãos, mas a vida é feita de escolhas, se escolhermos desobedecer, escolheremos a maldição, mas se obedecermos e tivermos o temor a Deus, Ele fará transbordar em nossas vidas bênçãos sem medida. O caminho da obediência traz a bênção, já o caminho da desobediência é como um ímã que atrai a maldição.

A carne é fraca (Isaías 40.6-8), deseja ser independente, com forte tendência a individualidade (Isaías 53.6), ou seja, não almeja buscar a vontade do Senhor por si mesma, de onde provém a desobediência à soberana vontade de Deus. Possui inclinação à presunção e à autoconfiança, o que implica em se envergonhar das suas fragilidades. Tem a tendência de desprezar os outros ou se achar sempre melhor do que as outras pessoas – isso até mesmo no conhecimento de Deus. É inclinada a auto justificação, ou seja, não gosta de pedir auxílio das pessoas, sempre tem uma desculpa para suas falhas e erros, o que é intrínseco a todo ser humano caído. Representa a rebelião e inimizade contra Deus (Romanos 7.19) e (I Pedro 2.11). Possui grande desejo de se amar e se idolatrar (Gálatas 5.17) e também resistência a perdoar (Romanos 7.14).

(Romanos 5.10) - É bem específico ao nos confrontar que somos inimigos de Deus por vivermos na carnalidade e no pecado. A carne, em si mesma, não é pecado, mas a inclinação da carne constitui o pecado, o que implica desobedecermos a Deus e Seus mandamentos. Por isso, o senhor Jesus Cristo veio em carne, mas em tudo, mesmo tentado, não pecou, mas fez-Se pecado por nós (Hebreus 4.15) e (II Coríntios 5.21).

Sabedoria e Consequências
A vida nos apresenta dois instrutores verdadeiramente efetivos. Ambos são de primeira linha, mas nenhum deles custa barato. Ao mesmo tempo que ambos são efetivos, ambos exigem alguma coisa de nós. Temos de escolher um dos dois e, se não escolhermos nenhum, forçosamente o segundo será o selecionado.

Os dois instrutores são a Sabedoria e as Consequências. Podemos aprender muita coisa de cada um deles. No entanto, devo avisá-lo que há enorme diferença em seus estilos de ensino. Enquanto a Sabedoria nos impressionará e nos alegrará com suas lições, as Consequências nos deixarão sem ar, e não no sentido positivo. A verdade é que as Consequências são de longe o instrutor mais rigoroso.

Em primeiro lugar, a matrícula e as mensalidades das Consequências são extremamente caras. É verdade que ela nos ensinará bastante mas, no momento em que estivermos aprendendo suas lições, sua instrução nos custará muito. Pode custar nosso casamento, nossa família, nosso emprego, talvez até mesmo nossa vida. As Consequências têm enorme custo final.

Se as Consequências têm um alto custo final, a Sabedoria tem um elevado custo de entrada. Requer disciplina, obediência, consistência e, acima de tudo, tempo. Depois disso, porém, ela derramará sobre você tremendas e abundantes riquezas. Você quer saber qual é a maior diferença entre as Consequências e a Sabedoria?

A sabedoria ensina a lição antes de você cometer o erro. As Consequências, por sua vez, exigem que você primeiro cometa o erro. Só depois ela lhe ensinará a lição.
A Sabedoria coloca a cerca no topo da montanha; as Consequências o visitam no hospital quando você está engessado, depois que alguém o resgatou ao pé da montanha.

A fé não é algo que o homem dá (contribui) para a salvação, mas é ela própria, parte do dom divino da salvação. É o dom de Deus para o pecador e não o dom do pecador para Deus.

As obras da Carne são feitas naturalmente, pois são inerentes a todo ser humano. Não precisamos nos empenhar muito para as realizarmos, mas precisamos da Graça de Deus, para vencermos suas terríveis tendências em nossas vidas.

Para Agostinho, a origem de todas as ramificações do pecado é o orgulho. Para Martinho Lutero, o coração da Reforma Protestante, a origem de todo pecado advém da incredulidade. Portanto, se em nós há orgulho e incredulidade, devemos rever nosso caminhar cristão e nos arrependermos e convertermos, para que venham enfim os tempos de refrigério pela Presença do Senhor (Atos 3.19).

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